Que tiro foi esse?
'Quem coleciona armas e faz curso de tiro são eles', escreve a colunista Hildegard Angel sobre o tiroteio que interrompeu a campanha de Tarcísio de Freitas
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Hildegard Angel, para o 247
Paraisópolis, Complexo do Alemão, Conjunto Ceará. Bolsonaro não apenas odeia os bairros pobres, ele odeia e demoniza o próprio pobre.
Bolsonaro é aquele novo rico que não olha pra trás, tem ojeriza às dificuldades do passado, à vida miserável de ontem, ao casebre de sua origem. Ternura nenhuma pela simplicidade. Encara os desfavorecidos como perdedores. São bons apenas pra votar. Nele.
Obcecado por dinheiro, e não sou eu quem o analisa assim, quem disse foi o militar relator do processo contra ele no Exército.
Bolsonaro não tem qualquer sentimento, piedade, apreço, consideração pelos pobres, o que ele foi no passado. Não tem sentimento nem os quer por perto. Debocha deles no cercadinho, humilha, trata mal, reclama do bafo, pede pra não encostar. Detesta o cheiro da pobreza, que, infelizmente, não sai dele. Está entranhado.
Por mais que queira posar de bem sucedido, não tem sucesso. A postura é de fracassado. Aprenda, Jair: pessoa bem criada, rica-raiz, tem postura ereta, barriga encolhida, porte conquistado na equitação e no tênis (postura que ele jamais logrou ter, lamento). O bem criado sabe sentar, caminhar, falar sem salivar queixo abaixo, sem cuspir perdigotos em todas as direções.
Não é difícil aprender boas maneiras, basta prestar atenção. Nada disso, porém, Bolsonaro conseguiu adquirir, mas adquiriu 51 imóveis com dinheiro vivo.
Tudo para dizer que acho suspeito esse suposto atentado em Paraisópolis. Houve antes versões de que o "atentado" seria na modesta comunidade do Conjunto Ceará, na agenda do casal. Mas o "ataque" teria sido abortado, ao ser anunciado antes aos ventos, por um policial local. Não adiantou a mensagem indignada da "primeira-bispa" após um tiro, que se adivinhava ser contra ela, porém dado uma hora antes de sua chegada ao local, o que não a impediu de fazer estardalhaço indignado.
Ontem, foram as insistentes ofensas de Bolsonaro, no debate da Band, chamando de "bandidos", de forma generalizada, os moradores das comunidades com despossuídos. Como se alertasse os brasileiros de que tudo de pior poderia vir delas.
Hoje, Paraisópolis, com 20 pretensos bandidos-ninja atirando contra a campanha do candidato Tarcísio. Vinte atiradores ninja que não acertaram um tiro! Estariam ali para roubar? Não parecia. Para assustar? Também não. Ou seria apenas pra cumprir a encomenda de satanizar ainda mais os pobres que vivem nas favelas? E fazer parecer que foi coisa dos adversários políticos...
Lula lembrou bem no debate que bandidos sabe-se que há, não nas favelas, mas na Barra, com o vizinho do coiso guardando em casa 100 fuzis.
Agora, esse bang-bang estranho e sem motivo em Paraisópolis. Quem gosta de dar tiro são eles. Quem coleciona armas e faz curso de tiro são eles. Quem não tem argumentos e acha que vence na farsa, no grito e na violência são eles.
Não estou prejulgando. Estou pondo um pé atrás. A facada sem sangue até hoje não desceu pela goela brasileira.
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