Que o governo Bolsonaro dê errado

Há claro projeto de destruição a caminho, promovido por uma equipe que vê Jesus na goiabeira, que mistura marxismo com Revolução Francesa, que prega a violência para garantir a paz, que vê nordestinos como subumanos, que se propõe a entregar tudo e transformar o Brasil na nova Porto Rico dos Estados Unidos



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Existe um simbolismo mais profundo na ausência de partidos como o PSOL, PT e PC do B na cerimônia de posse do presidente eleito Jair Bolsonaro. Profundo e insondável para analistas da Globonews, a exemplo de Merval Pereira, que simplesmente interpretaram a atitude como "deselegante ou democracia de fancaria". Nem se trata de boicote.

A ausência é um ato de protesto e de revolta, diante do golpe que segue com verniz de legitimidade democrática. A ausência é relembrar que há dois anos, uma presidente honesta foi enxotada, um juiz de primeiro piso protagonizou operação persecutória contra uma única pessoa e que, ao prendê-la, seria erigido ao governo do maior oponente que ajudou a construir.

Ou seja, a ausência é reação ao golpe, ao ódio, à farsa e à intolerância, fardo que o governo que está por vir, do qual não é novo, leva nas costas. Por isso, a ausência também é a luta para que este governo dê errado, que não consiga concretizar suas ações pelas quais sacrificarão o povo brasileiro pelo próximo quadriênio.

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Não se trata de torcer contra o governo Bolsonaro. Se trata de lutar pelo seu fracasso. Motivos não faltam. Para começar, reportagem publicada no jornal O Globo deste sábado (29) mostra que a ciência no Brasil no próximo governo estará em risco.

O titular do Itamaraty, Ernesto Araújo, faz parte do universo bolsonarista da anti-ciência. Nega a existência das mudanças climáticas e quer a saída do país do Acordo de Paris, documento assinado por mais de 190 países para conter o aumento da temperatura do planeta.

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Bate de frente com cientistas, supõe abarcar arrogantemente todo o conhecimento sobre o tema e destila asneiras como se associar ao imperialismo ao criticar o tal "globalismo". É o eufemismo para Síndrome de Vira-Latas.

O indicado para o Ministério da Ciência e Tecnologia, por sua vez, o turista espacial Marcos Pontes, além de não ser um quadro técnico, não integra o universo acadêmico.

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Voltando ao Araújo, as relações internacionais já começaram com desnecessário atrito em questão ultra-sensível. Bolsonaro será o primeiro presidente, entre civis e militares, a evitar diplomacia neutra ao escolher se colocar como anti-Palestina.

Transferir a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém diante de um conflito que parece não ter fim, é também colocar o Brasil na rota de tiro (econômico e diplomático), por conta de acordos de livre comércio do Mercosul assinados tanto com Israel quanto com a Palestina, por exemplo.

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Podemos relembrar a proposta do futuro presidente de aproximar a legislação trabalhista da "informalidade" (já dissecada em artigo anterior). "No que for possível, sei que está engessado no artigo sétimo (da Constituição), mas tem que se aproximar da informalidade", declarou em reunião com parlamentares do DEM. "Desengessar" será mexer no que ainda resta de direitos para o trabalhador: o décimo-terceiro salário, descanso semanal remunerado, licença-maternidade, seguro-desemprego, FGTS e férias.

Por falar em DEM, e os acordos mais-do-mesmo do governo que estava propondo a anti-política, Tereza Cristina foi elevada ao Ministério da Agricultura. Sua principal intenção será envenenar a comida do brasileiro. Conhecida por "menina-veneno", a integrante da bancada ruralista atua fortemente na defesa do projeto de lei 6299/02, que flexibiliza as regras de utilização de agrotóxicos, a PL do Veneno.

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Por decreto, como anunciado em seu twitter neste sábado (29), Bolsonaro pretende garantir a posse de arma de fogo a todas as pessoas sem ficha criminal. Ou seja, o Estado transfere a obrigação de garantir a segurança para as pessoas comuns, que agora irão se digladiar e sair atirando por aí em discussões banais de trânsito, de botequim, de futebol e, até, para "metralhar a petralhada".

Bolsonaro também olha o Nordeste de forma estereotipada e com discursos de demagogia. Primeiro, com a intenção de "turbinar" o método dos caminhões-pipa, acreditando lucrar eleitoralmente no reduto do presidente Lula. Segundo, com a proposta de solucionar a seca no Nordeste, a partir de parceria com Israel de dessalinizar a água, realidade já presente na região desde 2004, com programa Água Doce, herança dos governos progressistas.

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E se entrarmos nas propostas econômicas de Paulo Guedes, o futuro ministro da Economia, de "privatizar tudo", teríamos análise à parte. "Por que não pode vender os Correios? Por que não pode vender a Petrobras?", sugeriu. Os bancos também entrariam na lista, assim como a Infraero e a Eletrobrás? Tudo free?

Há claro projeto de destruição a caminho, promovido por uma equipe que vê Jesus na goiabeira, que mistura marxismo com Revolução Francesa, que prega a violência para garantir a paz, que vê nordestinos como subumanos, que se propõe a entregar tudo e transformar o Brasil na nova Porto Rico dos Estados Unidos.

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Por isso, que 2019 seja de mais luta. Lutemos para que este governo não dê certo.

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