Que diferença, hein?

Para os jogadores, não seria o momento de deixar de lado esse protagonismo fútil, apenas mercadológico, vão e vazio, de servirem como garotos-propaganda de marcas caça-níqueis como o Itaú, a Sadia, a Hyundai ou a telefonica Vivo?



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

A Alemanha se interna no Brasil profundo, naquele interiorzão baiano chamado Santa Cruz Cabrália. 

Se identificam de imediato com seus moradores, gente simples e boníssima, nossos queridos Pataxós à sua volta. 

Apaixonam-se pela paisagem natural, curtem aquele "marzão besta", brincam como crianças nos campos do Senhor. 

continua após o anúncio

Adotam uma pequena escola: pagarão todas as suas despesas com os alunos recebendo educação integral por 4 anos, até a próxima Copa 2018. 

Aprenderam até o hino do Bahia. Dançaram o Toré. E treinaram muito, com foco e disciplina. Estão na final com nuestros hermanos. 

continua após o anúncio

Deixarão saudades como pessoas e como atletas. Amaram e foram amados.

O Brasil ficou em sua granja Comary, aquele luxuoso shopping center carioca na rica cidade serrana de Teresópolis, lugar cheio de futilidades e comodidades, jogadores e comissão técnica esbarrando a cada momento em Galvão Bueno, Patrícia Poeta e Tino Marcos, Banco Itaú de plantão.

continua após o anúncio

Fila de jogadores no cabeleireiro para produzir aqueles visuais de zumbis fugidos do seriado Walking Dead. 

São brasileiros, mas parecem se sentir europeus. Será porque jogam há muito tempo na Itália, França, Inglaterra, Espanha, Alemanha? 

continua após o anúncio

O deslumbramento com o marketing parece seduzi-los. 

E tome overdose de Sadia, Claro, Itaú, Brahma, Havaianas, Hyundai. 

continua após o anúncio

Caímos para um melancólico terceiro ou quarto lugares da Copa do Brasil a disputar com a laranja mecânica. Teremos saudades eternas dessa fantástica Copa. 

Mas nenhuma do futebol que apresentamos e que tantas vezes encantou o mundo inteiro.

continua após o anúncio

O alemão Podolski pede desculpas ao Brasil pela derrota de sua Seleção, mas adverte que devemos respeitar a amarelinha, pois ela trouxe muito encanto ao futebol mundial. Diz mais: "Vocês foram nossos ídolos, sempre foram."

O alemão Thomas Müller sugere que deveriam existir duas taças nesta Copa 2014: uma para o país anfitrião que realizou a melhor dentre todas as Copas do mundo até hoje e outra para a Seleção vencedora.

continua após o anúncio

Não seria tempo de o Brasil fazer uma inadiável e vigorosa reflexão sobre o que é ser brasileiro e o que é aprender a jogar futebol no Brasil?

Não seria o momento de os jogadores brasileiros se enfurnarem no Brasil, trocarem a Granja Comary por uma expedição ao estilo "Volta às origens", buscarem uma de nossas praias perdidas no meio do extenso litoral nacional, conviver com pessoas simples, visitar escolas públicas, fazer amizade com nossos queridos índios Pataxó, Kariri, Kiriri-Chocó, Nham-nham, Nambikuaras?

Não seria o momento de deixar de lado esse protagonismo fútil, apenas mercadológico, vão e vazio, de servirem como garotos-propaganda de marcas caça-níqueis como o Itaú, a Sadia, a Hyundai ou a telefonica Vivo?

Não seria o momento de evitar essa promiscuidade entre a concentração da Seleção em sua ridícula Disneylândia de Teresópolis e os impertinentes e abusivos merchandisings com a TV Globo e seus fúteis programas como o Caldeirão do Huck, Domingão do Faustão e aquele irritante cenário do Jornal Nacional na granja Comary?

Qual vale mais, amealhar milhões de reais ou de euros com essa sua publicidade desmesurada e esses visuais sem qualquer senso de ridículo... ou praticar o bom futebol de nossos antepassados, fazer toda uma imensa nação de brasileiros vibrar, sonhar, festejar novos títulos mundiais em seu esporte-paixão-nacional?

Esta Copa, além de excelente sob todos os aspectos de infraestrutura, segurança, modernidade, transportes e qualidade dos estádios e arenas, mostrou que sem muito esforço milagres podem acontecer: brasileiros jogarem como alemães e alemães jogarem como brasileiros.

E que não saia mais da agenda nacional a necessidade uma completa e total reforma do futebol brasileiro, a começar pela própria CBF, essa caixa preta que resiste a fiscalização e aos bons hábitos que somente a transparência pode causar.

Repito: Que diferença, hein?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247