Quatro linhas e gols contra
Agora, Bolsonaro se refugia nas “quatro linhas” da Constituição para garantir que não, que não dará um golpe de Estado. Se estivéssemos num jogo, com onze de cada lado, logo notaríamos que, no governo, abundam os gols contra
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Desde Nelson Rodrigues, as metáforas futebolísticas invadiram a política no Brasil. Em A falecida, Leleco diz que inveja a mulher porque ela não se afligia quando o famoso Ademir se machucava. Agora, Bolsonaro se refugia nas “quatro linhas” da Constituição para garantir que não, que não dará um golpe de Estado. Se estivéssemos num jogo, com onze de cada lado, logo notaríamos que, no governo, abundam os gols contra. Acabamos de comemorar o dia do professor, mas, comemorar o quê? O ministro Milton Ribeiro, formado em Bauru, São Paulo, por uma Instituição Toledo de Ensino, na pasta da Educação só diz a que veio de forma negativa. Como sucessor de Abraham Weintraub, o de triste memória, sem dúvida tira nota dez. No entanto, um rápido exame em suas declarações revela uma sucessão de erros de fazer tremer a espinha nacional. Na sua visão de mundo, pobre não deve pensar em universidade, que não seria uma instituição para todos e sim para escolhidos, uma casta privilegiada. Parece destacado a dedo para dizer besteira, enquanto permanecemos na rabeira entre as nações exatamente por anos de desleixo com relação às nossas crianças e o potencial que demonstram para um dia nos salvar do atraso.
Nas quatro linhas da Constituição, como em campo, no calor do jogo, o Presidente da República nomeia mal seus assessores e nos põe à deriva como sinais de interrogação do ponto de vista do futuro. É preciso dizer que nunca nos enganou. Como deputado, quando falava, anunciava desastres de insensatez. Nem necessitamos citar o elogio a torturadores e assuntos de ética. Se tivesse um pingo de bom senso, aproveitaria as declarações do Arcebispo de Aparecida do Norte, Dom Orlando Brandes, e ficaria calado. O religioso observou, a respeito de uma nação, que, antes de ser “armada”, deveria ser “amada”, uma forma direta de se manifestar contra as iniciativas belicistas da atual tendência. Tomado de brios, o defensor das armas correu para as câmaras de TV e afirmou que, a seu ver, precisamos nos defender dos bandidos. É difícil imaginar cenário mais desfavorável para que a inteligência prevaleça. E isso nada tem a ver com futebol. Nelson Rodrigues redigia crônicas inesquecíveis em torno dos nossos atletas. O problema é ter ideias. No vazio, batem gols contra.
É verdade que vivemos um processo de desmonte do Estado, sem a exceção dos órgãos financiadores da pesquisa. Não surpreende. O ministro e pastor Milton Ribeiro nomeou para a presidência da CAPES a sra. Cláudia Mansani Queda de Toledo, colega sua da Instituição Toledo de Ensino. Junto ao CNPq, órgão que sempre ajudou a financiar a ciência, igualmente em colapso, a CAPES constitui uma parelha de incompetência traduzida por impasses insolúveis no processo de insolvência da pesquisa.
Às vezes, em campo, a direção não acerta na bola, mas os jogadores o fazem e se ganha a partida. Saber o que escolher permanece como regra principal, até a troca do dirigente. Mais claro do que isso, só desenhando...
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