Quarentena é pesadelo duplo para mulheres que sofrem violência doméstica. Saiba como pedir ajuda

Entre a cruz e a espada, mulheres vítimas de violência doméstica poderão sofrer ainda mais no período de quarentena. No artigo, a jornalista Laís Gouveia informa locais de acolhimento e assistência às mulheres, que seguem funcionando em meio à pandemia

Rio de Janeiro deve intensificar o combate a violência contra a mulher
Rio de Janeiro deve intensificar o combate a violência contra a mulher (Foto: Divulgação)


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A rotina ali poderia ser muito pior, mas Dona Soraia tem um alívio. Doméstica, ela passa a semana na casa dos patrões e volta para casa nos fins de semana, quando encontra Jorge, com quem não tem mais nenhum tipo de relação afetiva, mas o medo faz com que não peça o divórcio. 

A melhor amiga dela, Ana, foi assassinada pelo parceiro após ele furar o bloqueio de medida protetiva estabelecida na justiça. 

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Bêbado, Jorge, na maioria das vezes, chega de madrugada alterado e, por muitas vezes, vizinhos conseguem contê-lo. Soraia entende a segunda-feira como um alívio, quando ela finalmente pode descansar em paz. Sem Jorge. 

Com a quarentena, Soraia vive um inferno na terra. Jorge anda preocupado com seu emprego, já que é autônomo, e projetou toda sua ansiedade no álcool. Anda bebendo já pela manhã e à noite o inferno começa. Há tempos ela não apanhava de cinto e isso aconteceu recentemente. 

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O relato acima é fictício, mas poderia ilustrar milhões de situações enfrentadas por mulheres, cotidianamente. O emprego, para muitas, é um distanciamento das agressões físicas e de tantas outras formas de violência psicológica. 

No Rio de Janeiro, por exemplo, o Plantão Judiciário registrou um aumento expressivo no movimento e nos números dos últimos dias. Os casos de violência doméstica no estado aumentaram em 50% nos últimos dias. 

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Na China, Ongs denunciam que  os casos triplicaram durante a pandemia. 

Mas o que fazer?A assistente social Bia Volpi, que atua no Centro de Defesa e Convivência da Mulher, na cidade de São Paulo, informa que o local permanece aberto para acolher mulheres que sofrem violência doméstica. 

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“Fornecemos auxilio de assistência social, psicológica e jurídica para a vítima, além de atividades de empoderamento. Oferecemos cursos também para que essas mulheres possam se manter financeiramente”, informa Volpi. 

A assistente social explica que, se a vítima rompe com o ciclo de violência e decide não voltar para casa, e se não possui rede de apoio, a Secretaria de Assistência Social do município oferece abrigos sigilosos. “São casas que acolhem mulheres e seus filhos com até 18 anos, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar”, explica a profissional. 

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“A vítima fica nessa casa sigilosa até conseguir se organizar para seguir com sua vida, sem o ex-companheiro”, acrescenta Volpi . 

Ela também esclarece que violência contra a mulher não necessariamente significa ser do cônjuge, mas pode envolver também outros familiares, como irmão ou pai. 

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A assistente social faz um apelo para que as mulheres não se calem durante o período de reclusão. “Muitas pensam que os centros de acolhimento estão fechados por conta da quarentena, mas estamos abertos e esperando para dar o auxílio necessário”, salienta. 

Além dos serviços prestados pelo Estado, a cidade de SP também possui movimentos que atuam no enfrentamento à violência, como a  associação “Fala Mulher”, que atua há dezesseis anos na garantia dos direitos humanos. Para saber mais informações, clique aqui

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Onde procurar ajuda? 

Para além do município de São Paulo, existem outros canais de busca: 

Ligue 190 para a Polícia Militar.

Para informações e denúncias, ligue 180 – serviço do governo federal, funciona 24h e recebe denúncias anônimas.

Procure a Casa da Mulher Brasileira de sua região, que  é um único serviço que soma as estruturas de acolhimento, assessoria, apoio psicossocial e capacitação. 

CDCM- centro de Defesa e Convivência da Mulher Vítima de Doméstica- 

No Rio de Janeiro e São Paulo, as delegacias da mulher continuarão a atender 24 horas. 

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