Quanto vale um milheiro de reacionários?

Meia-pataca? Uma bolacha quebrada? Um tostão furado? Vale o nosso desdém, o nosso escárnio? Ou vale o nosso espanto e veemente condenação? Ou mesmo a nossa prudente preocupação e alerta?



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Num Estado Democrático de Direito, quanto vale uma manifestação com a participação de cerca de mil indivíduos (note que não disse cidadãos) numa grande cidade como São Paulo, com cerca de 12 milhões de habitantes, na qual se tem a falta de bom senso de clamar por uma estultice sem pé nem cabeça, fazendo-se apologia a um ato que afronta e conspira para a derrocada desse mesmo Estado Democrático?

Não digo em uma hipotética/suposta "república de bananas", mas numa Nação que é a 6ª ou 7ª economia do mundo e se pretende desenvolvida e, mais que isso, líder mundial. Quanto vale uma "multidão" – repito, de mil indivíduos – que, em seus brados tão retumbantes quanto criminosos, clama por uma intervenção militar no país? Algo que equivaleria, sem lhes dar a condescendência da metáfora ou da dúvida, a uma verdadeira violação em nossa jovem e imatura democracia.

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Vale dizer que cerca de mil "subcidadãos" (ou dois mil e quinhentos, segundo a PM) já não têm o mínimo pudor ou vergonha na cara de expressar – em público! – desejos e vontades inconfessáveis, antidemocráticos; "subcidadãos" que já bradavam, sob o resguardo do anonimato, no Facebook e no Twitter – terreno pantanoso no qual alguns exercitam uma sociabilidade precária, pois virtual, e onde até o maior dos covardes se sente "empoderado"; onde a mais baixa e ordinária das criaturas se arvora um gigante.

Quanto vale? O que vale?

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Meia-pataca? Uma bolacha quebrada? Um tostão furado?

Vale o nosso desdém, o nosso escárnio?

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Ou vale o nosso espanto e veemente condenação?

Ou mesmo a nossa prudente preocupação e alerta?

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Posto que... imaginemos...

E se esse milheiro de infames e reacionários algum dia virar milhão?! Pois, sabe-se, da imensa capacidade que as ratazanas e os insetos pestilentos têm para se reproduzir e se multiplicar, silenciosamente, nos subterrâneos dos esgotos e dos seus próprios recalques e neuroses.

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É improvável, mas plenamente possível tal descalabro prosperar, como as pragas e as ervas daninhas que, por vezes, vicejam nos jardins e plantações, comprometendo a colheita futura.

É plenamente possível, enredados que estamos, todos, ou quase todos, nessas redes antissociais, impulsivas, intolerantes, acríticas e, aparentemente, descerebradas. Aliás, "descerebradas" tal qual parte da nossa classe média – conservadora e burra.

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É plenamente possível quando, como que hipnotizados ou adestrados, esses indivíduos só se informam por intermédio de veículos propagadores do ódio e da mentira, como a revista "Veja" e outros mais da grande mídia, de muitos negócios e negociantes, e pouca verdade factual – e quase nenhum compromisso com o interesse público.

E se a ignorância e o autoritarismo de alguns, de modo silente e sub-reptício, com seu apelo fácil, mas enganador, contagiar e sobrepujar o bom senso, a virtude e o humanismo da maioria?!

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Que a poesia sobrepuje a mediocridade – nunca é demais exaltar, nunca é demais rogar.

Com que metro se mede os atos e a falta de medida dos inconsequentes e dos canalhas?

Quem aquilata quem é herói e quem é bandido? Ou o que é virtude ou pecado?

Qual a balança? Qual o metro? – insisto.

É permitido, sem expressa condenação, que indivíduos saiam às ruas, às escâncaras, para fazer propaganda de um atentado golpista contra as instituições do país?

Isso, por acaso, não se configura num atentado à ordem constituída, num crime de lesa-pátria?

É permitido, impunemente, que indivíduos conspirem e atentem abertamente contra a Constituição, em praça pública, ao bel-prazer?

É permitido – cito essa hipótese à guisa de comparação – que indivíduos saiam às ruas com suásticas estampadas em porta-estandartes para defender o ideário do nazismo? Não é crime, passível de punição, tal manifestação execrável?

É permitido que indivíduos manifestem, livre e impunemente, seu ódio , intolerância e incivilidade, descabidos e injustificáveis, contra os nossos irmãos homossexuais – nas ruas, na mídia e na tribuna do Congresso? Isso ainda é permitido?!

É permitido que indivíduos desfilem, sem uma peremptória condenação de todos os homens públicos e demais cidadãos, as suas ignomínias, as suas vergonhas e desvios de caráter pelas avenidas das nossas cidades, como o desfile de um infame cordão carnavalesco?

Não.

Na democracia, nem tudo é permitido.

Na democracia, vale o diálogo e o respeito às leis, aos seres humanos e à legalidade perfeita dos atos. Na democracia, vale o interesse comum.

Senão, brevemente, alguns desses infames estarão se manifestando, despudoradamente, pela volta da escravidão, pelo retono da Lei de Talião, do justiçamento e do arbítrio – como, aliás, já se manifestam em privado, nas redes antissociais e, por vezes, até no noticiário da TV, na voz de inconsequentes porta-vozes do absurdo, as âncoras do retrocesso. Vale notar e anotar: na TV, uma concessão do Estado.

Existe algum decoro possível num boquirroto, e aparentemente misógino, parlamentar que diz que iria "fuzilar" a presidenta da República? Alguém terá a necessária previdência e mínima coragem de tomar a cabível providência e lhe processar pela grandiloquente quebra de decoro parlamentar em praça pública?

Como essa gente é indecorosa!

Pedir uma intervenção militar e violar o ordenamento jurídico brasileiro, além de grotesco e impensável contrassenso e retrocesso é, sobretudo, imperdoável desrespeito, provavelmente motivado pela ignorância, para com os heroicos brasileiros que deram seu sangue e suas vidas para a consolidação da democracia no Brasil.

Viva a memória de Vladmir Herzog e Rubens Paiva! – só para citar e louvar dois nomes emblemáticos.

Viva a democracia!

Viva o Brasil!

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