Quando se criam corvos

"A possível derrocada do político extremista e, consequentemente, o enfraquecimento de seu séquito de fanáticos representará também o colapso moral das elites”

Eleitora vota em seção eleitoral
Eleitora vota em seção eleitoral (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes)


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No próximo dia 02 de outubro, o povo brasileiro escolherá o Presidente da República, senadores e deputados. Como é do conhecimento de muitos, o pleito de 2022 não será apenas mais uma eleição, mas a eleição que decidirá os rumos do Brasil. Será o momento em que a população escolherá entre a civilização e a barbárie. Barbárie esta que já campeia por quase quatro anos, e que tem deixado rastros de sangue, incivilidade, ataques e mortes pelos quatro cantos do país. Assim, caberá ao povo decidir por quais caminhos a nossa imensa nação de desesperançados seguirá.

Enquanto o tempo urge, os dados estão rolando. Algumas “coligações” ainda estão sendo feitas e apoios continuam sendo costurados. No campo progressista, há o consenso de que aqueles que realmente defendem as liberdades e o Estado democrático de Direito devam estar unidos em prol de um Brasil inclusivo, democrático e livre de qualquer forma de ódio. Há, não se pode desconsiderar, nomes que optaram por se aliarem à podridão que tomou conta do país, berrando aos quatro ventos contra um “fascismo de esquerda”, que só existe em suas cabeças minúsculas e em seus discursos estapafúrdios. Esses optaram por serem linhas auxiliares do fascismo que se instaurou no Brasil desde o golpe que depôs a Presidenta Dilma, dando voz às criaturas nefastas que haviam sido banidas para o esgoto da história, com o fim da ditadura militar.  

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Para o desespero de muitos, as pesquisas acerca das intenções de voto apontam que o candidato das esquerdas poderá vencer já no primeiro turno, o que tem causado alvoroço nas hordas fascistoides, tornando-as cada vez mais violentas a ponto de matar eleitores oposicionistas e agredir jornalistas, preferencialmente mulheres. A incapacidade de se comprovar a origem da fortuna em dinheiro vivo usada para comprar imóveis para o clã que ocupa o poder salpicou ainda mais lama na figura do candidato que está estagnado em segundo lugar nas referidas pesquisas. Sem argumentos, propostas ou a mera capacidade de articular um discurso linguisticamente compreensível, o candidato da extrema-direita demonstra visível exasperação diante da possibilidade, cada vez mais evidente, de perder a eleição, o que implicaria em ter seus sigilos de cem anos revogados, suas falcatruas investigadas e, ao fim de tudo, ser preso.

A possível derrocada do político extremista e, consequentemente, o enfraquecimento de seu séquito de fanáticos representará também o colapso moral das “elites” que financiaram a destruição do país por se oporem às políticas de inclusão social levadas a cabo pelos governos de Lula e Dilma. A aporofobia dessa gente teve como cavalo de tróia grande parte da imprensa brasileira, que contribuiu enormemente para a demonização dos governos petistas, enaltecendo cotidianamente as recorrentes irregularidades da Operação Lava Jato, capitaneada pelo tosco ex-juiz “enxadrista” e os “filhos de Januário” que, diga-se de passagem, continuam livres, leves e soltos, enquanto o país mergulhou no atraso, na miséria e no autoritarismo. Hoje, muitos dos responsáveis pela destruição das empresas brasileiras, conduções coercitivas abusivas, prisões arbitrárias e até mortes, como a de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, reitor da UFSC, buscam desesperadamente um foro privilegiado para chamar de seu. Mas por qual razão, se tudo teria sido feito conforme determinam as leis? 

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Já no caso da imprensa corporativa, alguns dos jornalistas que ajudaram a minar a democracia brasileira, apoiando ideias claramente fascistoides, hoje sofrem com os corvos que criaram. E não são poucos!  Mesmo assim, nem um pio de autocrítica se escuta da parte deles e delas. Mesmo agindo como agem, é indispensável que nós, enquanto sociedade, impeçamos os corvos de lhes arrancarem os olhos. E sim assim devemos fazer, é em defesa da liberdade de expressão e da democracia. Uns poucos “tios” pularam do barco quando a tormenta começava a se formar. Mas a maioria, mesmo sentindo seus olhos serem bicados, e já quase caolha, continua firme e forte, com artilharia pronta e apontada para o possível próximo governo do senhor Lula da Silva. 

Em se falando em mídia corporativa e seus jornalistas amestrados, com a aproximação das eleições imaginamos quais serão as capas das revistas semanais e as primeiras páginas dos jornalões para os finais de semana que se aproximam. Qual será a “bomba” capaz de “avariar” a candidatura progressista que lidera as pesquisas? Seria o “candidato jararaca” amigo da mulher da casa abandonada? Em que multiverso possuiria ele um triplex ou, quem sabe, até um sítio? Quanto dinheiro ele teria bancado para que toda aquela gente, em todos os shows, gritasse seu nome no Rock in Rio? Seja como for, o certo é que a imprensa corporativa brasileira, voz das elites escravagistas, não dorme no ponto, e não vai facilitar a devolução do país ao povo. Mas não farão nada que surpreenda, pois o modus operandi é surrado, velho e conhecido.

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