Quando outubro chegar

"Outubro está alvorecendo no tempo. Mas antes de se tornar o outubro vermelho que desejamos, ele deve alvorecer na consciência da esquerda brasileira e de seu principal partido, o Partido dos Trabalhadores", avalia o historiador Carlos D´Incao

Lula ganhou
Lula ganhou (Foto: Stuckert)


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Eu me lembro bem. Lula iria se entregar em São Bernardo e em questão de dias seria libertado por um Habeas Corpus. Assim diziam os seus advogados e consultores. Assim acreditou Lula e parte das lideranças do PT.

Fui contra porque achava que, caso Lula se entregasse, não sairia mais da cadeia... e caso resistisse, para se evitar um derramamento de sangue, aí sim receberia um Habeas Corpus.

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Fui minoria nas redes sociais e nas fileiras daqueles que debatiam a questão de “se entregar ou não se entregar”.

Há mais de 500 dias estive, infelizmente, certo na minha análise. Falou-se e fala-se muito que Lula terá um Habeas Corpus em breve. Era pra junho e ficou pra depois do recesso... era pra agosto e agosto passou... setembro já está no apagar de suas luzes e nada.... Avançaremos para outubro e o que faremos?

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Vamos continuar a levar “calote” do eterno cheque pré-datado do STF? Vamos virar o ano com a esperança de que depois do recesso “a coisa vai”? Em suma, vamos fazer papel de bobos?

Por outro lado, podemos fazer um novo outubro acontecer. Ocupar os tribunais de justiça - seja da instância que for - em atos simbólicos enviando a mensagem clara de que não há justiça de fato nesse país sem a libertação de Lula seria um bom começo.

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Mas isso ainda não seria um novo outubro. O que os donos do poder querem é justamente afunilar o tema - ainda que o tema “justiça” seja aparentemente amplo.

Na realidade, a questão da justiça em geral e a Lava-Jato em particular são apenas a ponta do iceberg do que se transformou o Brasil ao longo do processo golpista iniciado em 2015: um país onde sua elite assumiu o espírito de lumpemproletariado, pilhando parte das riquezas nacionais para fins particulares e vendendo o restante a preço de banana para os estrangeiros.

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Sangue, volúpia, corrupção, dinheiro às custas do erário público e o vandalismo institucionalizado. Esses são os atributos da gestão de um presidente demente conhecido como Bolsonaro e, sobre seu putrificado governo, temos uma suprema corte que quer passar a impressão ao mundo de que o Brasil é um país sério, um exército comandado por gângsters que se intitulam generais e um núcleo chucro de 30% da população que bovinamente acreditam que algo de positivo poderá surgir “do juízo final” que se aproxima do país.

Um novo outubro deve se insurgir contra tudo isso: o governo formado por delinquentes, uma justiça farsante, um exército entreguista e as instituições que procriam e alimentam a ignorância (a Igreja e a grande imprensa principalmente).

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Não se trata de se fazer greve geral, pois os alvos estão muito bem localizados. Trata-se de ações que devem ter como protagonistas atores muito bem definidos no interior da classe trabalhadora, de sua base intelectual, artística e burocrática.

Caso haja um sistemático ataque aos pilares centrais desse sistema, Lula é libertado como efeito colateral dessas lutas. Ficar afunilado no tema “Lula livre” é mantê-lo preso... caso essa luta faça a esquerda se esquecer do quadro geral aqui exposto, o melhor para a direita é de fato manter sempre a esperança de que “muito em breve” ele poderá ter a boa justiça sendo feita, com direito a desagravo por parte da Rede Globo et caterva.

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Outubro está alvorecendo no tempo. Mas antes de se tornar o outubro vermelho que desejamos, ele deve alvorecer na consciência da esquerda brasileira e de seu principal partido, o Partido dos Trabalhadores.

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