Quando a montanha vai até Maomé

Se é difícil envolver os alunos nas aulas e com os conteúdos necessários no formato tradicional, levemos o ensino pra dentro dos smartphones que os encantam



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Drummond uma vez disse que perder tempo em aprender coisas que não interessam nos priva de descobrir coisas interessantes.

Apesar de essa ideia fazer todo o sentido pra mim, isso me remete a uma das questões mais difíceis do planeta: educação formal hoje, com tantas coisas interessantes fora da sala de aula ou pela janela dos smartphones dos alunos.

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Sou o que os americanos chamam de natural teacher - sempre gostei de ensinar. Ajudei a alfabetizar meus irmãos mais novos e ainda aos 16 já gostava de dar aulas de inglês. E assim foi. Desenvolvi uma metodologia de ensino e sabe qual era o conceito? Ensinar o que tenha significado e que traga motivação.

Hoje, com as redes sociais e os messengers da vida, me sinto uma professora inexperiente entrando pela primeira vez em sala. Talvez pelo fato de hoje não estar mais dando aulas - a vida do business me deixou pedagogicamente medrosa. Ou talvez porque eu realmente me sinta impotente diante das rotinas dos alunos.

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Volto ao Drummond.

Com certeza checar as fotos do Instagram e criar hashtags é bem melhor que aprender logarítimos, principalmente se o aluno sonha em ser artista ou historiador. Falar no whatsapp é quase compulsão, como tirá-lo das aulas para não dispersar? Não sou hipócrita - todos nós o usamos o dia todo com os intervalos que se fazem necessários, mas não tão longos quanto um turno na escola. Proíbe-se o uso de celular, então? E o controle "onde você tá? já chegou? volta que horas?" exercido pelos pais (e compreendo já que a qualidade de vida e de segurança em nossa cidade se deteriorou)?

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Não vejo uma solução cartesiana que não envolva repressão. E essa é bom evitar, afinal, trata-se de educação. Vejo uma equação difícil onde:

x = a escola deve dar limites e exigir disciplina
y = a escola deve ser um espaço de felicidade, afinal boa parte dos anos dourados passamos dentro dela
z = temos que trabalhar na realidade de hoje (dos smartphones e suas muitas redes) e não na de 50 anos atrás.

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Nessa inequação, priorizo o conteúdo e não a forma. Priorizo o resultado e não o processo. Acredito na máxima "se Maomé (!) não vai à montanha, a montanha vai a Maomé". Se é difícil envolver os alunos nas aulas e conteúdos necessários no formato tradicional, levemos o ensino pra dentro dos smartphones que os encantam. Levemos a competição, a brincadeira e, principalmente, a linguagem deles, para dentro dos aparelhos.

E assim tomei coragem e instruí a minha equipe: treinar vocabulário? quiz no whatsapp; desenvolver compreensão de textos? memes e posts populares no Facebook; treinar os ouvidos? séries populares na internet; informação e cultura? blogs e portais online. Isso tudo aonde? Em seus celulares. Os resultados têm vindo e os alunos faltando cada vez menos. Meu medo do tempo presente tá passando. E os alunos sendo felizes e aprendendo, como tem que ser.

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Entendo melhor o nosso tempo. Se antes já não tínhamos que dar o peixe e sim ensinar a pescar, hoje, na era Google, Whatsapp e Facebook, a gente tem mesmo é que ensinar a fazer a vara de pescar, pois pescar mesmo, os adultos de amanhã já aprendem sozinhos.

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