Quando a barbárie neo-fascista bate à nossa porta

O grande responsável pelo incitamento aos crimes de ódio e intolerância é a ideologia da "escola sem partido" (ou de" partido único") e do movimento MBL, este sim, uma verdadeira tropa de choque neo-nazista, atuando de fora para dentro, com instrumentos de agressão física contra os que defendem idéias contrárias às sua

Membros da juventude do Partido Nazista promovem queima de livros censurados em abril de 1938 
Membros da juventude do Partido Nazista promovem queima de livros censurados em abril de 1938  (Foto: Michel Zaidan)


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Estamos vivendo dias de muito intranquilidade e angústia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Enquanto o senhor reitor instala um verdadeiro Panopticon no campus universitário e permite que a cidade universitária seja policiada e periciada pela PM e pela PF, assistimos com horror - sem nenhuma manifestação de preocupação com os alunos, professores e funcionários - cenas de violência, agressão física, intolerância e censura à liberdade de expressão e organização. Isto numa instituição pública (laica, republicana e acadêmica), lugar por excelência de debates, pluralidade de opiniões, do contraditório. Queixou-se o senhor ministro da (des)educação, devidamente assessorado pelo grande pensador Alexandre Frota, que o ENEM - alem das fraudes corriqueiras - não devia ser instrumento de políticas de ódio.

Não se deu conta o político de Pernambuco que o grande responsável pelo incitamento aos crimes de ódio e intolerância é a ideologia da "escola sem partido" (ou de" partido único") e do movimento MBL, este sim, uma verdadeira tropa de choque neo-nazista, atuando de fora para dentro, com instrumentos de agressão física contra os que defendem idéias contrárias às suas. Pior, a convite de professores e alunos da própria instituição que comungam com esse pensamento intolerante, racista e anti-democrático. Seus porta-vozes andam escoltados pela tropa nos corredores da UFPE e estão sempre prontos a agir em defesa do chefe.

Desde os tempos do Estado Novo, não se conhecia no Brasil esse movimento organizado da direita, disposto ao ataque físico às liberdades democráticas. Esta ressurgência só pode ter sido alimentada pelo golpe e os golpistas que açambarcaram cargos e secretárias de Estado. No caso da Educação Pública, é mais grave, em razão da tutela jurídica estatal. Mas o que chama mais atenção é a passividade, quase a conivência tácita, das autoridades com este tipo de violência simbólica e física contra os diferentes, os que pensam diferente. Ora a ideologia da chamada "Escola sem Partido" quer implantar nas escolas um partido único, o da direita mais conservadora racista e xenófoba. Não se engane, estamos diante de uma forma de pensamento autoritário que criminaliza a diferença de opiniões, sob a alegação de "neutralidade ideológica".

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Vários membros da comunidade universitária já vem sofrendo esse tipo de intolerância, às vezes disfarçada. Uns são chamados à responder inquéritos administrativos, outros se dão conta do sumiço de documentação no SIGA, outros são suspensos de suas atividades acadêmicas e, agora, mais outros são vítimas de agressão diante da omissão e passividade dos gestores da instituição. Temos previstos vários eventos e seminários destinados a debater e discutir temas da história contemporânea na UFPE. O que esperar das ameaças dessa tropa de choque, a mando de seus porta-vozes internos na universidade? Mais violência, mais intolerância, mais criminalização?

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