Quadrilha da Lava Jato: sordidez quando é demais afoga o sórdido
O jornalista Mauro Lopes avalia a quente a decisão da juíza lavajatista Carolina Lebbos de transferir Lula para um presídio comum e a reação vigorosa que a medida arbitrária gerou: "Como diz o ditado, 'esperteza quando é demais come o esperto'; no caso em curso, pode-se derivar: 'sordidez quando é demais afoga o sórdido'”.
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Mauro Lopes, editor do 247 e fundador do Paz e Bem, para o Jornalistas pela Democracia -
Há sinais de que a sordidez da Lava Jato, perpetrada nesta quarta-feira (7) pela milionária juíza Carolina Lebbos, pode ter sido um grande erro de cálculo do lavajatismo.
A decisão da transferência de Lula para o presídio de Tremembé em São Paulo foi uma articulação na surdina da extrema-direita jurídica desde junho. Tudo indica que foi uma operação articulada por Sérgio Moro, como um troco, uma vingança contra as revelações da Vaza Jato que estão destruindo sua operação e desarticulando sua quadrilha (os "delinquentes", como os qualifica o ministro Gilmar Mendes do STF).
O pedido para transferência é uma operação de três pontas, no estilo da Lava Jato: 1) a Polícia Federal, sob comando de Moro, pede; 2) uma juíza do grupo de Curitiba, Carolina Lebbos, recebe e toma a decisão; e 3) outro juiz da equipe, Paulo Eduardo de Almeida Sorci, de São Paulo, e, não por coincidência, nomeado por Moro em fevereiro para o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, executa alegremente.
Como diz o ditado, “esperteza quando é demais come o esperto”; no caso em curso, pode-se derivar: “sordidez quando é demais afoga o sórdido”.
Há uma reação vigorosa e rápida entre o final da manhã e começo da tarde desta quarta-feira contra a decisão:
. o PT, o PSOL, o PC do B e líderes de outros partidos de esquerda saíram a público;
. a defesa de Lula ingressou com pedido de liminar no STF, que pode ser julgado pelo ministro Gilmar Mendes, outro alvo dos “delinquentes”, ou por Edson Fachin;
. um grupo de 70 parlamentares de diversos partidos estará nesta tarde com o presidente da Corte, Dias Toffolli, para exigir providências contra a montanha de ilegalidades e injustiça do grupo sob comando de Moro;
. o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, protestou veementemente contra a medida e colocou-se ao lado do PT para agir pela sua revogação;
. o deputado Marcelo Ramos (PL), presidente da comissão especial que analisou o projeto de fim da Previdência, também insurgiu-se contra a medida e conclamou: “Nós precisamos reagir a isso.”
A lógica da sordidez e da vingança elevada à enésima potência, irá triunfar? O cenário mudou nos últimos meses: Moro viu-se lançado do patamar de herói ao de figura desprezível; Dallagnol é neste momento um fantasma ambulante; a Lava Jato está aos pedaços; o bloco de gelo que unia a direita tradicional à extrema-direita, sob comando do bolsonarismo, está derretendo, apesar da unidade nas medidas econômicas e sociais contra o povo.
Parafraseando Ednardo e seu “Pavão Misterioso” (que não é o pavão do Carlos Bolsonaro): “eles ainda são fortes, mas não podem voar”.
Nas próximas horas saberemos.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247