Putin quer o lugar de Trump no coração de Bolsonaro
"A inusitada bajulação" do presidente russo a Bolsonaro "pode ser entendida como conversa de bom vendedor, já que uma comitiva russa negocia a vacina Sputnik V com o governo brasileiro, mas acho que é mais do que isso", aposta Alex Solnik. "Putin percebeu que Bolsonaro ficou órfão de Trump e terá dificuldades para se relacionar com o novo presidente norte-americano"
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Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
A maior surpresa da cúpula do Brics em tempos de pandemia foram os rasgados elogios que Putin fez a Bolsonaro.
O tzar russo elogiou a masculinidade, a coragem e o exemplo do brasileiro em seu enfrentamento à covid-19, qualidades que, francamente, nenhum dirigente mundial tinha enxergado até então.
Bolsonaro ficou orgulhoso: postou a fala de Putin em suas redes. Não entrou, assim, na onda daqueles que ainda associam a Rússia pós-1991 ao comunismo.
A inusitada bajulação pode ser entendida como conversa de bom vendedor, já que uma comitiva russa negocia a vacina Sputnik V com o governo brasileiro, mas acho que é mais do que isso.
Putin percebeu que Bolsonaro ficou órfão de Trump e terá dificuldades para se relacionar com o novo presidente norte-americano. Por isso se credencia para ser o novo melhor amigo do presidente brasileiro, com o qual tem muitos pontos em comum.
Ambos são dirigentes autoritários, que atuam para se eternizar no poder. Putin manda na Rússia há 20 anos. Bolsonaro deve estar sonhando com algo parecido. E Putin pode lhe ensinar o caminho das pedras.
Putin quer ser amigo de Bolsonaro porque ele é inimigo da Europa, o que Putin também é. Quer estreitar laços com Bolsonaro porque tem muitos produtos a vender ao Brasil além da vacina. O comércio entre os dois países é muito incipiente, havendo espaço, portanto, para ser alavancado.
Putin gosta do Brasil porque aqui tem muito petróleo, razão pela qual é o melhor amigo da Venezuela, onde controla parte da exploração petrolífera.
O país de Maduro tem sido tratado como prioridade da política externa russa na América Latina. O Brasil estava em segundo lugar.
É possível que passe a ser o primeiro.
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