Putin age como Pedro, o Grande, Lênin e Biden agiriam

Do ponto de vista geopolítico, a contraofensiva russa em relação à escalada de ameaças belicistas engendrada pela OTAN [leia-se, EUA]

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião com membros do Conselho de Segurança do país em Moscou 21/02/2022
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante reunião com membros do Conselho de Segurança do país em Moscou 21/02/2022 (Foto: Sputnik/Alexey Nikolsky/Kremlin via REUTERS)


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Por Jeferson Miola

Está amplamente documentado que a Ucrânia atua como um enclave dos interesses ocidentais e imperialistas na Eurásia para corroer o poder mundial da Rússia.

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O governo ucraniano, de ultradireita neonazista, se originou do golpe de Estado de 2014 que derrubou o governo pró-russo de Viktor Yanukovich. Desde então, o país serve de plataforma para a ação da OTAN e dos EUA no entorno estratégico da Rússia.

Se Pedro I, o Grande, fosse o presidente atual da Rússia, e considerando as circunstâncias atuais, de ameaça à defesa e à soberania do império russo [que não se confunde com imperialismo], ele provavelmente agiria como Putin agiu na Ucrânia.

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Se Vladimir Ilyich Ulianiov, o Lênin, fosse hoje o presidente da Rússia e enfrentasse as ameaças militares que a OTAN representa se instalando na porta de entrada da Rússia, provavelmente ele também reagiria nos mesmos moldes que Putin reagiu.

E, se se extrapolar esse exercício hipotético, é bastante provável que se Joe Biden – ou qualquer outro governante ocidental, como Emmanuel Macron, Olav Scholz, Boris Johnson etc –, fosse governante do Estado russo, também agiria da mesma maneira que Putin agiu.

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Do ponto de vista geopolítico, a contraofensiva russa em relação à escalada de ameaças belicistas engendrada pela OTAN [leia-se, EUA] nos últimos 8 anos é uma decisão não só coerente e legítima, como perfeitamente inteligível.

Em matéria de geopolítica, perde tempo quem julga movimentos táticos e estratégicos com romantismo idealista ou de olho no perfil psicológico/ideológico dos atores em cena.

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Geopolítica não é um jogo de rivalidades entre mocinhos e bandidos, como Washington incute por meio da sua mídia hegemônica com uma narrativa russofóbica racista.

Em geopolítica, não existe esta ideia pueril de torcida organizada de time de futebol. Defender, portanto, o entendimento de escolhas geopolíticas de quem quer que seja, não significa identificação ou alinhamento ideológico automático, mas compreensão do jogo geopolítico.

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Vladimir Putin, presidente da Rússia, é um político autoritário e ultraconservador. Entretanto, é equivocado empregar essa classificação para impugnar; e, menos ainda, para julgar as decisões dele em relação aos acontecimentos em curso e à atuação da Rússia na arena mundial.

Putin atua como um chefe de um Estado soberano que assistiu os EUA e seus aliados, com a conivência da ONU, descumprirem o Protocolo de Minsk.

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Este protocolo, assinado em 2014 pela Ucrânia, Rússia e as Repúblicas de Donetsk e Lugansk sob os auspícios da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, estabelecia condições que, se cumpridas pela Ucrânia, teriam evitado o conflito presente.

Ante a surdez e a indiferença dos governos europeus e dos EUA aos sucessivos apelos e ultimatos de Moscou uma vez que o protocolo estava sendo desrespeitado, Putin não teve outra alternativa senão agir como representante de um Estado soberano detentor de formidável e, em certos níveis inigualável, poder nuclear.

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Para defender sua segurança territorial e existencial, a Rússia se viu contingenciada a agir por conta própria. Não sobrou outra alternativa diante da expansão ameaçadora da zona de influência e de domínio militar dos EUA-OTAN na direção da fronteira oeste com a Rússia. A inação russa, neste caso, representaria um risco de avanço irrecuperável do terreno nacional pelos agressores.

A defesa do entendimento das escolhas militares da Rússia na Ucrânia, longe de significar qualquer adesão ao militarismo, au endeusamento do Putin ou à defesa da solução bélica dos conflitos entre as nações, representa o reconhecimento do direito intrínseco de cada país à soberania e à defesa nacional.

Ao defender a soberania da Rússia, Putin trabalha, ao mesmo tempo, para concretizar um mundo multipolar, livre do arbítrio e do poder unipolar e imperial dos EUA. Um mundo multipolar está nascendo.

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