Pusilânime, Lira não quer desagradar nem ao STF nem a Bolsonaro
"Vai de mal a pior seu ainda curto mandato. O mínimo que deveria fazer era divulgar uma nota em defesa do Estado de Direito, da democracia, mas não o fez. Preferiu ganhar tempo até encontrar alguma solução intermediária", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, sobre a posição de Lira no caso Daniel Silveira
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
Acovardado, indeciso entre qual saída seria menos danosa para ele – desagradar a Bolsonaro ou ao STF – o presidente da Câmara, Arthur Lira não se pronunciou a respeito do ataque infame do deputado Daniel Silveira aos ministros do Supremo durante todo o dia.
Quem cala ou consente ou quer esconder o que pensa.
Lira calou-se porque tem medo de desagradar a Bolsonaro, condenando seu aliado, porque sabe que o presidente é vingativo e sua vingança pode ser terrível, mas também teme que o desfecho do caso influa no humor dos ministros do STF que vão julgar, em breve, suas ilicitudes pretéritas.
Vai de mal a pior seu ainda curto mandato. O mínimo que deveria fazer era divulgar uma nota em defesa do Estado de Direito, da democracia, mas não o fez. Preferiu ganhar tempo até encontrar alguma solução intermediária entre tirá-lo ou mantê-lo na prisão, como se entre democracia e ditadura houvesse uma terceira opção.
Lira também demonstrou sua pusilanimidade ao esperar a decisão do STF. Esperava dissidências. Mas ela foi unânime. Onze a zero pela prisão do deputado em flagrante.
Lira adiou o problema para amanhã de manhã. Marcou a sessão para as dez. Haverá uma enxurrada de discursos pedindo cassação de Silveira, afastamento imediato; bolsonaristas vão questionar a prisão (“pode abrir precedente perigoso”).
A sessão irá além das 2 e meia da tarde, horário marcado para a audiência de custódia de Silveira.
Lira vai torcer para a prisão ser relaxada, em troca de medidas cautelares, tais como prisão domiciliar, tornozeleira eletrônica, vedação de acesso a meios telemáticos, para que ele, Lira não tenha que comandar uma votação decisiva e que terá de ser nominal, ali, no microfone. Todo mundo dando a cara a tapa.
O argumento do “precedente” é uma grande falácia. É evidente que, se alguém, no futuro, se expressar como Silveira, também deverá ser punido. O que não é “precedente”, é um novo ataque à democracia. Se alguém pensa em fazer algo semelhante tem o que temer.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247