PT vai precisar mais da direita que da esquerda em 22

"Vai ganhar aquele que receber a maior quantidade de votos dos eleitores que votaram no candidato do consórcio PSDB-MDB no primeiro turno", diz o colunista Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, em referência a um eventual segundo turno na próxima eleição presidencial

(Foto: Ricardo Stuckert)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Há uma grande diferença entre as eleições presidenciais de 2018 e as de 2022. E não é só a pandemia.

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Naquela ocasião, Bolsonaro não teve adversário forte no campo da direita, por isso nadou de braçada, teve 46% no primeiro turno, atraindo para o seu campo, o da extrema-direita, os eleitores que em 2014 tinham votado em Aécio e rejeitaram Alckmin.

Dessa vez vai enfrentar um adversário apoiado por PSDB e MDB, provavelmente o governador João Doria, devendo, portanto, dividir com ele o eleitorado conservador que conquistou.

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Os eleitores desavisados que votaram nele também não sabiam que ele seria o desastre que está sendo. Não o conheciam. Em dois anos, e principalmente depois de sua incúria no combate à pandemia e o acordo espúrio com o centrão, caracterizado como estelionato eleitoral, aumenta o número de arrependidos.

Isso não vai impedir sua ida ao segundo turno, mas vai diminuir a sua votação, que não deverá passar de 30%, como têm mostrado as pesquisas de popularidade.

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Pode ser que sua situação se complique com o avanço da pandemia, que não vai ser controlada antes do final de 2022, mas nunca pode ser desprezada a força eleitoral de alguém que usa a cadeira presidencial sem nenhum pudor a favor de seus interesses pessoais e tem uma máquina poderosa para distribuir cargos e outra que se ocupa diariamente em fazer culto à sua personalidade e transformar em verdades as mentiras que repete todos os dias nos mais diversos meios de comunicação, lícitos e ilícitos.

Doria poderá ficar com os restantes 16% dos 46% de Bolsonaro em 2018, recuperando, em parte, os votos de Aécio em 2014, que migraram para o capitão, o que não o levará ao segundo turno, mas lhe dará um papel fundamental: o de fiel da balança entre Bolsonaro e o seu concorrente no segundo turno, que deverá ser o candidato do PT, seja ele quem for, porque o PT tem a maior bancada na Câmara e é o maior partido da esquerda. E tem lugar cativo no segundo turno.

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Diferentemente das eleições municipais, a presidencial tem um forte conteúdo ideológico, o eleitorado se divide entre direita e esquerda inevitavelmente.

Tudo indica que a votação do PT no primeiro turno em 2022 será a mesma de 2018 porque de lá para cá o PT não fez muita coisa errada para decair na popularidade, nem deu motivo para aumentá-la e não apareceu na esquerda nenhum partido mais forte que ele.

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Os 30% de Haddad no primeiro e no segundo turnos, em 2018, serão herdados por ele próprio, por Lula ou por qualquer candidato que o PT indicar como seu.

A parada será decidida, portanto, no segundo turno.

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De um lado o Capitão Cloroquina, do outro o candidato do PT. Vai ganhar aquele que receber a maior quantidade de votos dos eleitores que votaram no candidato do consórcio PSDB-MDB no primeiro turno.

Nenhuma outra candidatura de esquerda atrapalha esse roteiro. Ciro terá provavelmente os 12% que vem tendo nas últimas disputas, como em 2018, o que não impediu Haddad de receber 30%.

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Boulos, só com o PSOL, teve 0,5% em 2018 e não terá muito mais, tal como Flávio Dino, ótimos candidatos, mas seus partidos não têm capilaridade nacional.

Tanto Boulos quanto Dino só têm chance de segundo turno se forem candidatos do PT. Eles sabem disso, por isso reagiram mal à notícia de que o candidato de Lula será Haddad e não um deles. Dino foi muito explícito ao afirmar que retira sua candidatura se o candidato do PT for Lula. Não se for Haddad.

Em 2018, mostram os números, o candidato do PT não conseguiu agregar votos no segundo turno, obteve 30% como no primeiro (brutos, não os divulgados pelo TSE, que não contam votos nulos, brancos e abstenção).

Para ganhar em 2022, o candidato do PT terá de piscar para os eleitores da direita, sem perder de vista os da esquerda.

A escolha do vice deverá levar em conta essa premissa.

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