Protótipos da restauração neoliberal nos Estados



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Os planos de ajuste dos governos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul são protótipos da oligarquia golpista para a restauração neoliberal nas esferas subnacionais de governo. Depois do ajuste draconiano na União e nos Estados, o efeito dominó finalmente atingirá os Municípios, de maneira brutal.

Os planos preconizam medidas clássicas – e historicamente fracassadas – para responder à crise das finanças públicas: [i] cancelamento de investimentos, [ii] abandono das políticas sociais, de proteção social e de desenvolvimento, [iii] extinção de órgãos públicos, [iv] demissão de funcionários, arrocho salarial e mudança previdenciária do funcionalismo, e [iv] privatização de atividades econômicas rentáveis.

No Rio, a resistência social, beneficiada pela pressão corporativa do Judiciário e MP que defendem unicamente suas regalias, privilégios e altos salários, conseguirá impedir a aprovação integral das maldades pela Assembléia Legislativa. Colabora também para isso o desmoronamento da liderança Cabral-Pezão-Cunha-Picciani-Paes no estado fluminense.

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O ajuste proposto pelo governo Sartori [PMDB-PSDB-PP-PSD-PSB] no RS é mais danoso que o tentado pelo governador Pezão no RJ. Apesar disso, a maioria parlamentar que o apóia deverá aprovar a essência do plano, senão sua integralidade.

Contribuem para esta realidade [i] a tênue resistência social, [ii] a coesão do empresariado rural, industrial, comercial e financeiro em torno de um pacto anti-povo e anti-Estado, e [iii] a adesão propagandística do grupo de mídia RBS, vinculado à Rede Globo.

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Além de propor a extinção de fundações das áreas da saúde, agricultura, ciência & tecnologia, economia & estatística e da Rádio e TV pública, Sartori quer privatizar empresas públicas de gás, energia elétrica e mineração. Para poder privatizar, ele propôs emenda à Constituição Estadual para eliminar a exigência democrática de se realizar plebiscito para decidir sobre a privatização de patrimônio público!

No final do século passado, outro governo do PMDB/PSDB, então com Antonio Britto, unido em semelhante coalizão partidária do atual [com exceção do PSB], foi o laboratório principal da aplicação selvagem do ajuste neoliberal do FHC nas unidades da federação.

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No “laboratório RS” foram modelados os experimentos que mais tarde fizeram parte da privataria tucana em nível nacional: Britto entregou a companhia telefônica para a RBS e sócios estrangeiros e fatiou as partes lucrativas da companhia de energia elétrica para entregá-las a grupos privados.

Também naquela ocasião [1996], a RBS foi determinante para o êxito do ajuste. Tal como hoje, mentiam que o Estado alcançaria até a eternidade o equilíbrio fiscal e orçamentário com privatizações, extinção de órgãos públicos, demissões incentivadas de funcionários públicos, renegociação da dívida com a União e favores tributários a multinacionais [FORD, GM]. Aprovaram todas as medidas, porém a situação financeira do Estado ficou estruturalmente comprometida e a economia estadual segue sub-desenvolvida.

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O ajuste nos Estados e Municípios é um subproduto da estratégia golpista, e resultará em retrocessos importantes para toda a população. Enquanto isso, os fatores que comprometem o equilíbrio das contas públicas e o financiamento do Estado seguem, todavia, intocados.

O ajuste mantém os privilégios do Legislativo, Judiciário, MP e das carreiras fazendárias e jurídicas do Executivo, preserva os favores fiscais e tributários ao empresariado e o comprometimento insustentável da arrecadação com o pagamento da dívida pública.

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A PEC 55 [241 na Câmara dos Deputados], que retira o povo e os capítulos dos direitos sociais e econômicos da Constituição de 1998 para constitucionalizar a ditadura da agiotagem, vai exponenciar os efeitos perversos destas medidas. O golpe de Estado sintoniza o Brasil com a onda reacionária e regressiva que varre o mundo.

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