Protocolo de clientelismo e ineficiência

Há quem possa confiar num noticiário como esse? Podemos perguntar se é a natureza governista, chapa branca, bajulatória dos meios de comunicação de massa? Ou são as conveniências, os interesses comerciais, sempre de olho num imenso bolo das verbas publicitárias da administração pública de Pernambuco? 



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Tive a pachorra nesses últimos dias de acompanhar atentamente as transmissões da Rede Globo sobre eventos que envolvem o Governo do Estado de Pernambuco, ora em transmissão local, ora no Jornal Nacional. Às vezes, pela mesma repórter. E aí vou possível constatar que quando se trata da veiculação local dos mesmos fatos, o tom da cobertura jornalística é um; quando a emissão das notícias é nacional, o tom é outro.

Tome-se, por exemplo, a cobertura dos mandados de busca e apreensão pelo Polícia Federal nas fazendas do sócio de Eduardo Acioly Campos, o senhor Aldo Guedes, curiosamente nomeado diretor da Coopergás (empresa pública situada a uma pequena distância da empresa do citado senhor, na Av. Mascarenhas de Morais) e, sobretudo do quarto mandado (suspenso), onde a repórter omitiu os nomes das pessoas investigadas, com a menção dos destinatários dos mandados no Jornal Nacional.

Agora, na visita da OMS ao Brasil e a Pernambuco pela atual secretária, a senhora Margareth Chan, ocorreu a mesma coisa. Na transmissão local, feita pela repórter Beatriz de Castro, foi noticiado que a visita da comitiva foi ao IMIP, não a algum hospital público do Estado e que lá ela teria elogiado as medidas tomadas pelos médicos no combate ao mosquito transmissor da Zika virus. Quando a mesma matéria foi ao ar, à noite, no Jornal Nacional, a repórter lembrou-se de mencionar os hospitais públicos (Agamenon Magalhães e o Oswaldo Cruz) e disse que o elogio foi feito aos médicos brasileiros.

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Na matéria transmitida na rede local da TV GLOBO apareceu um obeso secretário de Saúde, se expressando com dificuldades, para dizer que o protocolo seguido pelo governo estadual tinha se tornado um modelo de combate à doença no Brasil e no mundo inteiro. E que Pernambuco devia se orgulhar de ter o maior número de casos de microcefalia, pois o alarmante número da virose entre nós tinha sido responsável pelo tal protocolo.

Como todo mundo sabe, existe o SUS (Sistema Único de Saúde), do qual fazem parte os hospitais públicos de referência no combate às doenças infectocontagiosas e existe as fundações privadas, sustentadas com dinheiro público, equipamentos públicos e servidores públicos, como o Instituto Materno-Infantil (IMIP). Lá estão vários parentes do ex-governador. O presidente (licenciado) da Fundação é ao mesmo tempo o secretário estadual de saúde, e sua fundação recebe dinheiro público para administrar várias UPAS e Hospitais públicos da região metropolitana do Recife.

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É o caso de se perguntar por que a emissora regional de televisão faz dois tipos de cobertura? – Uma, destinada a audiência nacional; outra, ao distinto público televisivo de Pernambuco. Quando se trata de cobrir os problemas sanitários, as tempestades, o caos do trânsito da cidade, a violência urbana, ocorre o estranho fenômeno de inversão da responsabilidade civil e criminal: o governo aparece tomando todas as providências para debelar a catástrofe, o povo é que não ajuda, não colabora. A culpa então é do povo, é da população que é mal educada, não tem hábitos de higiene e que acumula lixo nas calçadas e terrenos baldios da cidade. O governo não. Tem um protocolo-modelo para o país e a comunidade internacional, elogiado até pela secretária da OMS.

Há quem possa confiar num noticiário como esse? Podemos perguntar se é a natureza governista, chapa branca, bajulatória dos meios de comunicação de massa? Ou são as conveniências, os interesses comerciais, sempre de olho num imenso bolo das verbas publicitárias da administração pública de Pernambuco? – A continuar assim, vamos voltar áquele tempo que se dizia: "a Globo te faz de bobo", e buscar outras fontes de informação bem mais confiáveis. E isso numa época pré-eleitoral, onde os governantes de turno têm todo interesse em promover a sua imagem institucional através da mídia.

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