Promotores pediram prisão de Lula em obediência ao Estadão
Não há muito mais o que dizer. Na prática, completou-se em 10 de março de 2016 a instalação de mais uma ditadura no Brasil, a menos que o promotor midiático Cássio Conserino e aqueles outros dois (há tantos outros) seja severamente punido
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Não há muito mais o que dizer. Na prática, completou-se em 10 de março de 2016 a instalação de mais uma ditadura no Brasil, a menos que o promotor midiático Cássio Conserino e aqueles outros dois (há tantos outros) seja severamente punido.
Os promotores Cassio Conserino, José Carlos Blat e Fernando Henrique Araújo afirmam que a prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é “imprescindível” porque ele movimentaria “toda a sua rede violenta de apoio para evitar que o processo crime que se inicia com a presente denúncia não tenha seu curso natural, com probabilidade evidente de ameaças a vitimas e testemunhas e prejuízo na produção das demais provas do caso, impedindo mesmo o acesso no ambiente forense, intimidando-as a tanto“.
Esses indivíduos são uns irresponsáveis. Querem amordaçar não apenas Lula, impedindo-o de proclamar a própria inocência publicamente, como todo aquele que manifeste sua opinião em defesa de um dos maiores líderes políticos do mundo.
A polícia política que esses senhores encarnam cita uma “rede violenta”. Estará se referindo aos energúmenos que agridem pessoas nas ruas por usarem peças de roupa na cor vermelha? Será essa, abaixo, a “rede violenta” a que esses serviçais da direita se referem?
E as bombas atiradas no Instituto Lula e em três diretórios do PT, foram obras da “rede violenta” de Lula?
Esses senhores que pediram a prisão de Lula por ter se proclamado inocente publicamente agem como militantes, mas não só. Encarnam os que, há meio século, justificaram o golpe militar criminalizando a reação popular ao arbítrio. A desculpa da ditadura para suas atrocidades era a de combater aqueles que não aceitavam que fosse solapado o Estado de Direito.
Até a proposta de impor parlamentarismo ao país para tirar o poder do governo eleito já está acontecendo, assim como nos “idos de 64″, ou seja, no período que antecedeu o golpe militar.
Como durante a ditadura, querem prender jornalistas e líderes políticos que digam opiniões e fatos que a direita midiática não quer ouvir. E, para isso, contam com esbirros dos órgãos de controle da República, transmudados em leões-de-chácara de uma direita hidrófoba, ignorante e violenta que o Brasil conhece muito bem.
Mas o mais interessante em tudo isso é que esses promotores midiáticos foram precedidos por editorial do Estadão que praticamente determinou que Lula fosse preso por ter ousado se defender publicamente.
Sim, o Estadão, empresa que cedeu suas dependências para os conspiradores que deram o golpe militar de 1964.
Sim, o Estadão, que junto de O Globo e da Folha de São Paulo pediu a ditadura militar e a apoiou por ela ter doado a esses barões da mídia dinheiro público suficiente para que suas empresas crescessem ao tamanho que têm hoje.
Confira, abaixo, esse texto infame da família Mesquita, que prega a volta da ditadura via criminalização da liberdade de expressão e do direito de manifestação e reunião.
O Estado de São Paulo
Editorial
Luiz Inácio Lula da Silva chegou à conclusão de que precisa virar vítima dos malvados inimigos do povo e apelar ao que lhe resta de apoio nas ruas para evitar que a Lava Jato o ponha na cadeia. Deixou isso claro na semana passada, quando saiu direto do depoimento à Polícia Federal para a sede do PT, onde armou uma encenação: entre o heroico e o melodramático, expôs a “mágoa” que sentia, em arenga de quase uma hora na qual exortou os petistas a “levantarem a cabeça” e saírem às ruas em “defesa da democracia”.
Cumprindo essa determinação à risca, petistas irresponsáveis apressaram-se a convocar a militância para disputar espaço na Avenida Paulista com os manifestantes pró-impeachment de Dilma Rousseff que lá estarão no próximo domingo, dia 13, em mais uma manifestação de protesto contra o governo convocada há vários meses.
Tal confronto não deve e não pode ocorrer. Fez bem, portanto, o governador Geraldo Alckmin, ao anunciar que não autorizou – e, consequentemente, a polícia impedirá – que manifestantes favoráveis ao governo disputem espaço na Avenida Paulista com grupos antigovernistas. Deixou claro o governador paulista que os governistas têm todo o direito de levar suas posições às ruas no próximo domingo, desde que o façam em outros pontos da cidade que não representem ameaça à segurança pública. É uma questão de bom senso da qual só discordará quem estiver interessado em tirar proveito político da desordem.
O governo federal também se mostra preocupado diante da provocação irresponsável que seria mandar para a Avenida Paulista grupos dispostos ao confronto físico com os manifestantes contra o governo – que, de acordo com todas as previsões, ali estarão às centenas de milhares. A direção do PT, no entanto, tenta se livrar de qualquer responsabilidade alegando que os atos que estão sendo organizados por petistas para o domingo são “autônomos”, “espontâneos”, fora do controle da direção do partido. E, a julgar pelas manifestações de petistas nas redes sociais, os seguidores de Lula permanecem fiéis à ideia insensata de que não podem recusar-se ao ato heroico de combater os inimigos da democracia. Oficialmente, portanto, o PT não teria nada a ver com as manifestações pró-governo que vierem a se realizar no domingo. Apenas recomenda a seus militantes que “evitem conflitos”.
Diante desse quadro, é o caso de cobrar de Lula a responsabilidade óbvia que ele tem pelo curso desses acontecimentos e exigir dele uma manifestação pública, categórica, no sentido de evitar esse atentado à ordem pública, retirando dos baderneiros profissionais – pois a militância do PT é paga – imperdível oportunidade de voltar a agir. Agora certamente com o apoio de um punhado de inocentes úteis iludidos com a ideia de que estarão a serviço da democracia e da liberdade.
Se não se dispuser a serenar o ânimo de seus seguidores que se dispõem a ir para a rua com a faca nos dentes, o ex-presidente terá que ser responsabilizado pelas consequências do desatino de incitar a disputa de espaço com os antigovernistas na Avenida Paulista. Afinal, por que os petistas precisam se reunir exatamente na Paulista, exatamente no mesmo dia e hora em que lá estarão se manifestando centenas de milhares de antigovernistas?
Lula, porém, não parece minimamente preocupado com isso. Na verdade, parece é muito feliz com o que acredita ser o efeito positivo do teatrinho de vitimização que vem encenando desde sexta-feira. Acredita que conseguiu estimular o espírito de luta da militância petista. Do deputado Carlos Zarattini já obteve uma interessante colaboração retórica: “Durante 13 anos tivemos paz social. Se prenderem o Lula e tirarem a Dilma, quem vai garantir a paz social? Isso não é uma ameaça, é uma análise”. Se fosse ameaça, que termos usaria?
Na segunda-feira Lula foi a Brasília para manter contatos políticos em defesa própria e do governo. Mostrou a seus interlocutores a nova frase de efeito que certamente levará para os palanques: “Se me prenderem, viro herói. Se me matarem, viro mártir. Se me deixarem livre, viro presidente de novo”. Se fosse um teste de múltipla escolha, a resposta certa seria nda – nenhuma das anteriores.
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