Promessas mirabolantes para todos os gostos

Enunciar a proposta mirabolante e não dizer como fará para alcançar o resultado proposto está acontecendo em todos os temas, mas me aterei apenas à logística de cargas e de passageiros



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Na minha opinião, os(as) jornalistas que cobrem candidaturas à presidência somente deveriam fazer matéria sobre promessas dos candidatos do PSDB e do PSB se eles explicassem COMO pretendem realizá-las.

Especialmente porque não existe "resolver um problema" e sim "trocar um problema de alto valor por outro de menor valor". É sabido que cada vez que se atua sobre um problema, geram-se outros.

Exemplo: "elevada taxa de inflação (6,5%)" é um problema que pode ser reduzido gerando outros problemas como "elevada taxa de desemprego" e "exclusão social de parcelas da população atualmente incluídas". Daí ser extremamente importante saber COMO os candidatos resolverão todos os problemas, sem gerar outros de alto valor para a maioria da população.

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Além disso, no que diz respeito à relação com o Congresso, deveriam sempre pedir exemplos de como fizeram o que estão propondo, quando governaram seus estados (MG e PE). Lembro-me de presidente no passado que dizia que não governaria com o Congresso mas com o povo. Deu no que deu...

Enunciar a proposta mirabolante e não dizer como fará para alcançar o resultado proposto está acontecendo em todos os temas, mas me aterei apenas à logística de cargas e de passageiros.

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A proposta do candidato Aécio, de criação do Ministério da Infraestrutura, algo que já foi tentado e não funcionou - porque não tem como funcionar - é top de linha.

Cabe perguntar ao candidato: essa proposta nasce de que diagnóstico? De que há um número excessivo de ministérios ou de que existem graves problemas de logística de cargas que só poderão ser resolvidos se juntarmos logística e transportes com energia?

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Se o sistema portuário é de alta relevância, o que acontecerá quando esse assunto for misturado com uma centena de outros temas relevantes nas áreas de transportes e de energia?

Se a proposta é boa, porque então o governo do PSDB, em 2001, criou várias agências reguladoras de transportes e de energia e não apenas a Agência de Infraestrutura?

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Se isso é bom, porque a criação do Ministério da Infraestrutura, no governo Collor, não deu certo e agora dará?

São perguntas que os(as) jornalistas deveriam fazer, obrigatoriamente, para entender a proposta feita pelo candidato.

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No âmbito da relação política com o Congresso Nacional, Aécio afirmou que pretende fazer uma "redução drástica" no número de ministérios. Segundo o senador, com essa medida a acomodação de aliados e governabilidade de sua eventual gestão seria feita com "uma relação política de outro nível". "Teremos uma ampla base de apoio pelo governo que faremos. Eu não trocarei ministérios, diretorias de instituições financeiras por segundos de televisão ou por votos parlamentares. Temos um projeto para o Brasil."

Aqui era o momento dos(as) jornalistas pedirem exemplos de como isso foi feito e com que resultados, tanto no governo FHC, quanto no período em que ele governou Minas Gerais.

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Outra pergunta necessária aos dois postulantes: porque precisa reduzir o número de ministérios? É para reduzir o número de funcionários? Vão demitir funcionários públicos concursados?

Pretendem substituir esses funcionários públicos por terceirizados, com elevados salários, como existia no governo FHC, quando eram alocados aos órgãos via PNUD, fato sistematicamente condenado pelo TCU?

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Já o candidato Eduardo Campos, em evento da CNA (6/8/14), fez um discurso genérico, que não permite entender o que fará de diferente do que vem sendo feito hoje. Sua proposta é de realizar 'investimentos em infraestrutura que envolvam parcerias com o setor privado "sem preconceito"'.

Ele quis dizer que Dilma tem preconceito com parcerias entre governo e empresas privadas? Então, como explicar a concessão de seis aeroportos (Guarulhos, Brasília, Galeão, Viracopos, Confins, e São Gonçalo do Amarante/RN), feitas nos dois últimos anos?

Como explicar a concessão de 4.725 quilômetros de novas concessões rodoviárias, contratadas somente nos quatro anos de governo Dilma, e outras já encaminhadas para licitar em 2015?

Penso que a imprensa tem o dever de extrair dos candidatos mais do que vem fazendo. O eleitorado agradece.

Artigo publicado no portal Carta Maior

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