Programa bolsonarista de Maia, Guedes e Bolsonaro converte Banco Central em Central dos Bancos e dos especuladores
Jefferson Miola escrevre sobre a autorização para que o Banco Central compre "títulos podres de bancos e instituições privadas nos chamados mercados secundários, (...) sem controle legal e sem transparência pública. Uma espécie de assalto consentido".
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Por Jeferson Miola - O mercado e as finanças repetem ad nauseam a “necessidade” de mudar a Constituição para conceder “independência” ao Banco Central [BC].
Repetem o mantra da tal independência do BC como se este fosse o grande problema a ser enfrentado pelo Brasil, e não a obscena concentração de renda, a desigualdade social e a situação de miserabilidade de mais de 110 milhões de brasileiros e brasileiras.
O ultraliberalismo bolsonarista de rapinagem, representado na aliança liderada por Maia, Guedes e Bolsonaro e afiançada pelo STF e por toda mídia, finalmente concretizou a independência do BC por meio da PEC 10/2020, que socorre bancos e especuladores parasitas sob o simulacro do “orçamento de guerra” [sic] – [ler aqui].
É uma independência de fachada, concebida para o BC transferir mais de 600 bilhões de reais – estima-se que poderá suplantar 1,2 trilhão de reais – a bancos, especuladores e pilantras financistas em troca de títulos podres e bichados, sem nenhum valor de mercado, que micarão nas mãos do Banco Central – ou seja, serão socializados entre toda sociedade brasileira.
Com a autorização para o BC comprar títulos podres de bancos e instituições privadas nos chamados mercados secundários, operadores do BC [não raramente, agentes do próprio mercado] poderão pagar aos seus patrões das finanças 100 reais por um título podre que pode valer menos que 5 reais no mercado! Tudo isso sem controle legal e sem transparência pública. Uma espécie de assalto consentido.
O Banco Central, assim, será convertido numa Central dos Bancos e dos especuladores; um balcão de negociação para o socorro emergencial dos bancos e especuladores inescrupulosos que até antes da pandemia se locupletavam especulando contra a economia nacional e que agora armazenam em suas carteiras os ativos tóxicos que, com a PEC 10/2020, serão desovados no BC.
O bolsonarismo é uma corrente política e ideológica que une a direita neoliberal com a extrema-direita ultraliberal em torno de um programa anti-nacional e anti-popular de destruição de direitos sociais e de pilhagem e saqueio das riquezas e da renda do país. Neste esquema, o “centro político” desaparece.
É preciso assimilar o sentido amplo do bolsonarismo, principalmente na dimensão econômica, que transcende o universo do clã sociopata e suas ramificações milicianas e os segmentos evangélicos mais os partidos da ralé da burguesia e da classe média, como o PSL e outros.
O bolsonarismo abarca também as estruturas tradicionais do sistema político-partidário, como PL, Cidadania, Podemos, Avante, DEM, PSDB, PTB, PSD, PP, MDB, PSDB e quejandos. O apoio desses partidos no 2º turno de 2018 e a sustentação ao bolsonarismo no Congresso atestam tal vinculação orgânica dos tucanos e de outros partidos com o bolsonarismo.
Como já disse em outro artigo, “bolsonarismo é a forma que o ultraliberalismo assumiu no Brasil; é o pacto de dominação firmado entre a oligarquia, establishment estadunidense e as finanças internacionais para promover a mais terrível e profunda destruição da soberania e devastação das riquezas do país ocorrida desde a invasão portuguesa há 520 anos”.
Ao lado de outras iniciativas destrutivas anti-povo e contra o mundo do trabalho, como a MP 936 e o Plano Mansueto, a PEC 10/2020 conforma o centro do programa da oligarquia calhorda no contexto da crise, que consiste em consumar a mais brutal e criminosa devastação e pilhagem do Brasil ao custo de uma catástrofe humanitária.
Aproveitam-se, para isso, do pânico e da comoção social com a pandemia do coronavírus e suas ameaças à vida humana. A oligarquia dominante aproveita a pandemia do COVID-19 para promover um assalto monumental aos cofres públicos.
Enquanto isso, por outro lado, mais de 110 milhões de brasileiros são submetidos à barbárie e sofrem ameaça real de extermínio [aqui], aguardando o pagamento sucessivamente adiado da renda mínima de míseros 600 reais.
Como dizia Cazuza, “a burguesia fede; a burguesia quer ficar rica; enquanto houver burguesia, não vai haver poesia”.
Nem o cheiro dos cadáveres dos pobres vitimados pelo genocídio bolsonarista conseguirá esconder o cheiro de podre desta burguesia calhorda [aqui] que, mais cedo que tarde, será julgada por seus crimes de guerra no contexto de uma justiça de transição.
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