Professor, profissão esfaqueada!

(Foto: Reprodução/TV Globo | Reprodução/Google Street View)


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A covardia anda à solta. Morrer esfaqueada pelas costas ao exercer o sagrado magistério virou notícia. Porém, não é a notícia mais importante em nosso país, é apenas a nota sensacionalista da hora.

A família enlutada de Elizabete Tenreiro, sim, ressente e ressentirá sua perda lastimável. Em um país onde morreram quase um milhão de almas, por conta da contaminação pelo vírus SARS-COV2, quando assistimos um aluno de treze anos usar uma máscara de caveira entrar em uma sala de aula e esfaquear pelas costas a autoridade maior da sala de aula: o professor.

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O mundo está funcionando ao toque de caixa imposto pelo advento tecnológico. E claro, que nesta esteira de quarta, ou quinta revolução industrial: o mercado está mais vivo do que nunca. Ele agora deita em sua Caixa Forte, e à guisa do Tio Patinhas mergulha no espelho d’água monetário. Milton Friedman deve estar comemorando esta fase do capitalismo neoliberal de onde ele estiver, se estiver...

Hoje o deus-mercado aproveita tudo de ruim que qualquer humano ofereça para transformar em dinheiro; desde influencers medíocres, com suas letras musicais infames e ridículas até políticos que topam altas paradas para ficarem mais ricos. O Brasil está sendo recolonizado de golpe em golpe. O povo só obedece; afinal a chibata dos baixos salários, do analfabetismo, do desemprego e de outras mazelas é o recheio do bolo do poder.

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Os colégios públicos são prisões travestidas de educandários. Quem estuda e leciona na Rede Pública é mais infeliz que um escravo forro. Visto que a referida vítima ao conseguir a alforria, se via livre das amarras do decreto da morte anunciada pelo processo cruel do escravismo.

Quem perseguiu e matou os chamados “negros da terra”, ou índios; e trouxe milhares de africanos abarrotados em navios negreiros, sob toda sorte ou antissorte de maus tratos, não poderia perder ao longo dos séculos sua pecha de capitão-do-mato. Capitão-do-mato este que passou a vestir Prada, e ocupar cargos em empresas, no parlamento, no executivo, e também no judiciário nacional.

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Quatrocentos e vinte e cinco anos foi a condenação de um ex-governador do Rio de Janeiro, que hoje está solto. Como não ser esfaqueado em salas de aula feitas “nas coxas” de um sistema senhorial, que planejou para os nascidos nestas terras, e descendentes da miscigenação: o destino cruel,  de eternos condenados e escravizados de uma política mundial imperiosa.

Os espaços criados no sul do Brasil, sob os holofotes de uma lei de Terras (1850) saqueadora de direitos da população, especialmente a escrava, foi realizada por um pensamento “científico” que afirmava que há diferença evolutiva entre etnias. Era preciso “branquear” o povo brasileiro.

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O professor está sendo esfaqueado pelas costas todos os dias. Concorrer com influencers mal dançarinos que enxovalham o português e enriquecem “cantando” dialetos desafinados pode consciente ou inconscientemente despertar nos jovens brasileiros a ira, ao se deparar com conteúdo da boa química, ou da boa biologia, afinal tal clientela fora moldada a aceitar “O que rola por aí” e “Brigadeiro caseiro” como disciplinas da nova grade do Ensino Médio, que foi implantada pela Reforma “criminosa” do Temer.

Talvez, no íntimo, o rapazola que de forma hedionda tirou a vida da professora de Ciências na Vila Sônia em São Paulo tenha se revoltado contra o status quo doentio, que se traduz na base da educação que segrega, pune e exclui. Não esqueçamos que o senhor secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, “lamentou o ocorrido”. Será que sua politica de exigir via internet  a realização da chamada diária, como forma poderosa de controle de alunos e professores (humilhados por baixos salários) também não se constitui em “punhalada” no cotidiano sofrido da classe docente e discente da Rede de Ensino?

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Sem dúvida, que o psicológico humano dos “clientes”  maltrapilhos do Sistema de Ensino falido e explorado neste país está abalado...agora existe uma cruz no lugar do Deus Guaracy (deus Sol) e Tupã ( deus Trovão). A cruz da eterna desigualdade.

Dia 27 de março de 2023, manhã, uma professora foi assassinada por um garoto de 13 anos. A História não pode negar este fato. Ele é fruto de um episódio funesto da História do Brasil, que completará 59 anos no próximo dia 31 de março: O golpe militar de 1964.

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#ValReiterjornalismohistórico

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