Prisões desumanas aumentam criminalidade, seus manés!

O que fazer com essa legião de manés que com suas opiniões pré-fabricadas pela mídia e por políticos como Bolsonaro sustenta essa política estúpida de mantermos máquinas de enlouquecer como são as nossas prisões? Como explicar a essa gente tão ignorante que essa política carcerária cruel é o que faz a criminalidade e a violência serem tão altas?



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O recente episódio de privataria carcerária no Amazonas comprovou fatos estarrecedores dos quais alguns sabem, outros intuem e muitos nem suspeitam ou se negam a admitir mesmo diante das provas mais irrefutáveis. Esses últimos são uma ameaça à sociedade.

Na última quarta-feira, este Blog publicou matéria mostrando os abusos praticados pela Umanizzare, uma das empresas privadas para as quais a privataria tucano-peemedebê está entregando presídios como o Complexo Prisional Anísio Jobim, em Manaus. Os comentários dos leitores, porém, dividiram-se entre racionais e irracionais.

Os comentários de leitores sobre a matéria que preciso destacar não foram colocados no artigo em si, mas na chamada para o Blog da Cidadania colocada em sua página no Facebook. Obviamente, houve comentários racionais de horror ao morticínio selvagem que ocorreu naquela prisão, mas pessoas de mentalidade bizarra deixaram comentários assustadores.

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Se você achou esses comentários ruins, outros pioram dramaticamente a partir daqui. Uma pessoa, aparentando baixa escolaridade e condições sociais humildes, comenta o horror em Manaus pedindo “intervenção militar”.

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Automaticamente, você vai ao perfil da pessoa para saber mais sobre alguém que comenta dessa forma uma questão como essa, ou seja, uma pessoa que pede a volta da ditadura militar – que fez as cadeias se tornarem fábricas de monstros – como “solução” para problema que o regime autoritário foi quem criou no país.

O perfil bizarro de “Wilias Shakespeare” no Facebook não surpreendeu. Lá estava o demente-mor que insufla o país em direção a soluções selvagens e perigosas como a de aumentar o sofrimento nas prisões para combater o crime: Jair Bolsonaro, esse psicopata que é a essência viva do movimento fascista que eclodiu no país a partir de 2013.

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No vídeo acima, Bolsonaro e o porta-voz da ditadura Alexandre Garcia (Bom dia Brasil/Globo) insuflam a população a acreditar em soluções finais como a que o deputado fluminense prega ao fim desse mesmo vídeo.

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O apresentador do programa Global até diz alguma coisa certa em meio ao discurso do medo que propaga em um horário em que as pessoas mal começaram o dia: “(…) As prisões estão um caos, caindo aos pedaços. Uma sujeira, são matrizes do crime (…)”

Essa frase deveria fazer as pessoas refletirem que se as prisões “caóticas” e “caindo aos pedaços” têm relação com a mortandade e com a criminalidade, já que Alexandre Garcia cita o fato de as prisões serem ruins em seu comentário, então a solução seria construirmos prisões decentes, que tratem os criminosos com humanidade, reinserindo-os na sociedade em vez castigá-los por anos a fio com celas superlotadas, promiscuidade, doenças, violência etc.

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Mas a mente de Bolsonaro não entende qualquer coisa que difira de sua mentalidade fascista. Então, a frase do apresentador da Globo não é captada ou refletida, apesar de que foi uma pequena frase lúcida em meio a um enorme discurso de desestabilização emocional do público. E, assim, Bolsonaro conclui o vídeo pregando simplesmente que presidiários sejam… mortos!

Os comentários seguintes ao artigo-denúncia contra a Umanizzare e a privataria carcerária em geral, não são melhores. Na verdade, conseguem ser piores.

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Dos dois comentários acima, o primeiro é de alguém que não consegue sequer expressar em palavras aquilo que pensa, um pobre coitado conduzido pelo discurso do ódio de Bolsonaro. Mas o comentário seguinte, mais bem formulado, apesar de conter tanta estupidez, foi escrito por alguém alfabetizado e que sabe exprimir suas ideias, por piores que sejam. Assim, vale comentar.

Moacyr Pereira Junior é o nome de indivíduo que parece ser de classe média alta. Em seu perfil, ele parece se gabar de sua condição social e de ser um “capitalista”. Sobre seu comentário, vale dividi-lo em tópicos para mostrar quão estúpido é.

Comentarista – Então a culpa dessa barbárie é da administração privada do presídio?!

Não, é das paredes da prisão, Mané! Claro que é da administração. Se quem administra qualquer estabelecimento (sobretudo prisional) não for responsável pelo que acontece dentro dele, quem será o responsável?

Comentarista – A violência está espalhada por todos os outros presídios, com administração terceirizada ou não

Nesse ponto, o tal Pereira Junior tem razão. Porém, ele não entende que todo o sistema carcerário brasileiro é ruim, estatal ou privado, mas esse de Manaus é pior quando a privatização, segundo o discurso “capitalista”, deveria torná-lo melhor, já que não acontecem tragédias como essa em outros presídios. Ou seja, o presídio privatizado é pior que os outros.

Comentarista – Graças a uma legislação penal frouxa, permissiva, e vocês me vêm com essa falácia ridícula de culpa da administração carcerária?! Por que vocês não vão cagar de bruços?!

Esse é o discurso mais pernicioso que se pode conceber. Ele acha pouco o sofrimento dentro das prisões brasileiras. Quer uma legislação mais dura, dizendo que é “frouxa” e “permissiva”.

Note bem, leitor: nas prisões brasileiras o condenado pode ser torturado até a morte, decapitado, dorme em celas em que alguns prisioneiros têm que ficar de pé para outros dormirem; as prisões brasileiras estão infectadas de doenças como tuberculose, aids etc, em larga escala; ser assassinado é risco constante.

O que há de “frouxo” ou “permissivo” em uma legislação que encarcera pessoas por anos em masmorras cheias de horror como essas?

Já temos mais de 600 mil presos no Brasil. Não há lugar para prender mais gente, não há lugar nem para quem já está preso, o país não tem recursos para construir mais prisões. De que adiantaria aumentar as penas? Ou será que esse psicopata quer que as prisões implantem castigos físicos e/ou até execuções?

Mas sossegue, tem mais.

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Quantas vezes você já ouviu coisas assim por aí? É uma teoria pronta que parece inapelavelmente correta. Então o cidadão honesto recebe um quarto do que ganha um presidiário? É isso o que acontece no Brasil?

O valor que esse indivíduo diz que o cidadão honesto recebe é o valor do salário mínimo. Digamos que todos ganhassem mesmo o salário mínimo. Mas será que os presos são pagos para ser presos? E ainda quatro vezes mais que o cidadão honesto?

Você acredita nisso? O tal Silvio Rabelo, que esconde a cara atrás de uma bandeira, leva um monte de idiotas com ele em sua viagem de estupidez. Mas a culpa não é dele. A culpa é da dita “grande imprensa” brasileira.

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A teoria que O Globo espalha com essa matéria é a de os presidiários brasileiros terem “regalias”. É uma matéria burra porque um presidiário evidentemente que precisará ser alimentado, precisará de água, precisará de cuidados médicos, se for mantido vivo.

Mas a teoria que se espalha por conta de uma imprensa como essa é a de que quem for condenado à prisão deve ser abandonado para morrer de fome, de sede ou talvez deva ser assassinado de uma vez, para que não custe nada.

A comparação é esdrúxula e induz as pessoas é burrice. Não é o investimento com presos que é alto, é investimento em educação que é baixo, mas pessoas de mente curta como o tal Silvio Rabelo entendem da pior forma possível uma tese como a de O Globo.

E a barbárie opinativa prossegue

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Comecemos pelo segundo comentário da imagem acima. Claro que neonazistas anônimos não são novidade, mas o problema é o contexto.

Gente com a mentalidade que você viu nesta matéria não é novidade no Brasil, mas quando está sendo feito um esforço para convencer a sociedade de que é preciso piorar as condições carcerárias em vez de melhorar, ganha força a pregação de vermes como Bolsonaro ou “jornalistas” que insuflam a sociedade a acreditar nessas baboseiras sobre o sistema carcerário.

Já a Norma Coimbra (penúltima imagem acima) deve achar que seu comentário foi o máximo. Cometeu crime, tem que sofrer torturas desumanas, tem que ser jogado em uma masmorra na qual será seviciado por anos, até que termine sua pena, quando aquele que cometeu um crime será devolvido ao convívio social.

Não existe uma única sociedade civilizada que acredite que a forma mais inteligente de tratar infratores da lei é torturando-os impiedosamente em celas infectas e superlotadas, com espancamentos, estupros etc.

Mesmo nos Estados Unidos não se aceitam prisões tão desumanas como as nossas – e note-se que os EUA têm uma qualidade de vida absurdamente ruim para todos, presidiários ou cidadãos honestos, diante do fato de que são o país mais rico e poderoso do mundo e estão (muito) longe de ter melhores prisões ou qualidade de vida.

Nos pequenos países nórdicos ou mesmo nos grandes países da Europa ocidental, prisões são vistas como instrumentos de reinserção social. Tratam com decência mínima ou até máxima os infratores da lei, porque só um povo estúpido busca tornar mais selvagem quem já apelou à selvageria.

O que fazer com essa legião de manés que com suas opiniões pré-fabricadas pela mídia e por políticos como Bolsonaro sustenta essa política estúpida de mantermos máquinas de enlouquecer como são as nossas prisões? Como explicar a essa gente tão ignorante que essa política carcerária cruel é o que faz a criminalidade e a violência serem tão altas?

E o pior é que a explicação é muito simples. Qualquer pessoa com dois neurônios seria capaz de entender, caso a mídia explicasse.

As pessoas são presas por diversos crimes, inclusive por crimes mais leves. Um jovem que cresceu e vive na rua e é usuário de drogas comete um furto ou até um assalto para sustentar seu vício. Vai preso. Não matou nem feriu; apontou uma faca e levou o dinheiro de alguém.

Preso, o assaltante ou ladrão pé-de-chinelo é condenado, vá lá, a 5 anos de prisão em regime fechado. Sem advogado, fica dez anos em cana. Um belo dia, sai. Até porque, já cumpriu pena há anos e as autoridades, em algum desses “mutirões judiciais”, lembram que ele existe.

Na prisão, logo que entrou nosso personagem foi estuprado, sofreu pequenas mutilações, quase morreu sob espancamentos, enfim, passou tudo pelo que passam presidiários no tal país que dizem ser bonzinho demais com bandidos.

O sujeito entrou na cadeia, digamos, com 18 anos. Fica lá até os 28, quando deveria ficar até os 23. Mas sai. É colocado no meio da sociedade que quis torturá-lo e da qual, agora, ele irá se vingar, pois durante a década no cárcere foi torturado e humilhado tantas vezes que acabou enlouquecendo.

Agora, aquele jovem que entrou na prisão porque queria dinheiro para sustentar um vício incontrolável se tornou talvez um psicopata que tem prazer em provocar dor e sofrimento nos outros. Agora, nosso personagem é um monstro.

Todos deveríamos exigir que as nossas prisões recuperassem os que abrigam para que, quando saíssem, pudessem ao menos trabalhar pelo próprio sustento sem cair novamente nas tentações do crime. Mas fazemos o contrário do que seria de nosso interesse…

Ao exigir que nossas prisões sejam desumanas, ao difundirmos a mentira de que as punições no Brasil são brandas, colaboramos com a produção de monstros que, um dia, sairão da masmorra e virão para cima de nós.

Deixe de ser mané. Exija do Estado que recupere os criminosos antes que suas penas terminem, sobretudo os que cometeram crimes mais leves e sairão antes da cadeia. Prisões desumanas desumanizam pessoas e você poderá dar de cara com uma delas.

*

Maranhão, após a eleição do comunista Flávio Dino, é o Estado com menor déficit de vagas em presídios.

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