Preste atenção no que ela não diz

Gostaria de chamar a atenção para um inimigo do Brasil, que é uma parte da imprensa. Ela é caixa de ressonância do mercado financeiro, que impõe a narrativa da elite de normalização da miséria, neste rico país

Mídia enterra Bolsonaro vivo e prepara Mourão
Mídia enterra Bolsonaro vivo e prepara Mourão


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Em 2020, a luta não será menos dura do que foi a deste ano. Gostaria de chamar a atenção para um inimigo do Brasil, que é uma parte da imprensa. Ela é caixa de ressonância do mercado financeiro, que impõe a narrativa da elite de normalização da miséria, neste rico país. Portanto, apesar do seu compromisso público com a realidade, ela profere absurdos que parecem ter saídos da cabeça de alguém possuído pelos efeitos de alguma droga alienante. Em dois casos recentes, um jornal afirmou que houve avanços econômicos e o aumento de 9,2% nas vendas do período natalídeo. Outro, falando do Canadá, provavelmente, publicou dicas de como construir uma aposentadoria economizando R$ 500 por mês. Nem parece que está falando a partir do Brasil, onde o salário mínimo é de pouco mais de mil reais, 40 milhões de trabalhadores estão na condição de informalidade e auferem entre R$ 300 e R$ 998 por mês e mais de 100 milhões vivem com R$ 415.

O despudor dessa imprensa é mais um aviso à mais de 75% da população, que ela é a voz da elite e, já algum tempo, não tem compromisso algum com a realidade do Brasil que, para ela, não passa de uma continental fonte de energia, com abundante mão de obra de diversos níveis de qualificação. Porém, para as pretensões ultraliberais ora impostas pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, é um regozijo que o número de trabalhadores menos qualificados seja muito maior. Desde o golpe de 2016, todo acesso à educação, saúde, Previdência, vem sendo desconstruído, com acentuada voracidade desde que Guedes assumiu o Ministério. Portanto, avanço econômico para a imprensa da elite é um país de joelhos para outras nações, uma classe trabalhadora sem direito algum, trabalhando sete dias por semana, sem condições de se informar, de se formar e impossibilitada de se aposentar. Políticas recessivas impostas por meio de um títere truculento a autoritário.

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As reformas foram todas aprovadas com mentiras declaradas por essa imprensa, ditas a uma sociedade majoritariamente alienada de que seus direitos foram conquistados debaixo de muita luta, sangue e vidas de trabalhadores. Em janeiro, a imprensa corporativa anunciava, alegremente, sem críticas, que as reformas fariam o PIB crescer 2,6%. Estamos em dezembro e o PIB de 2019 quase não cresceu 1%. Além da violência das mentiras, a truculência contra os que ousaram defender seus direitos, em um país pretensamente democrático, foi o argumento para informar que mais de 75% da classe trabalhadora, os que auferem até dois salários mínimos, terão de trabalhar e recolher por mais tempo para a Previdência, para receber 60% do que tinham direito. Também foram desfigurados mais de 100 direitos dos trabalhadores, estabelecidos na Consolidação das Leis do Trabalho -CLT. Os mesmos com os quais os governos do Partido dos Trabalhadores criaram mais de 18 milhões de empregos.

Essas políticas ultraliberais foram impostas no Chile, há cerca de 30 anos, também, sob uma forte repressão de uma ditadura militar. Aqui, em dita plena democracia, o governo usa da mesma repressão contra os que se levantam contra as injustiças de um governo passageiro, que extingue direitos e submete a soberania do País ao desenvolvimento de outros povos, em detrimento dos brasileiros. Porém, não basta a truculência. Não existe golpe de Estado se a imprensa oligárquica do segundo país mais desigual do mundo não quiser. Temer e Bolsonaro são protegidos, pois essa imprensa defende a supressão de conquistas da classe trabalhadora e a submissão dos brasileiros. Porém, ela vai ainda muito mais além. Essa mídia criminaliza a população quando sai essa em defesa de seus direitos e contemporiza, quando não omite, a violência que o Estado utiliza contra a classe trabalhadora.

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A sociedade deve estar atenta para não ser ludibriada e, ao mesmo tempo, contribuir para a desidratação dessa mídia corporativa e nociva. Não se pode confiar em uma imprensa que afirma ter havido avanço econômico quando o país está parado, a miséria avança a olhos vistos, passos largos e o desemprego não para de crescer. Mas a imprensa do mercado financeiro tem a solução para o desemprego, desaparecer com ele. Ela chama desempregado de empreendedor. Esse declarado ódio de classe está estampado na imprensa deste País, desde 1808, que a avó da que defendeu os golpes de 1964 e 2016 e é a mesma que defende a supressão de direitos, de conquistas sociais e a entrega da soberania a outros países. Nesse sentido, em 2020, faz-se necessário atenção não apenas no discurso e nas ações do governo plutocrata e truculento, mas, também, à narrativa de certa imprensa que joga contra o Brasil. Atenção, senso crítico e consumo de outras mídias são fundamentais para não ser enganado e melhorar o ambiente democrático.

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