Prejuízo causado pela Carne Fraca pode chegar a R$ 7 bilhões só este ano
As exportações brasileiras para os mercados mais nobres, que pagam os melhores preços por nossa carne, despencaram. As vendas para Holanda, por exemplo, caíram 25%. Para a Alemanha, caíram 22%. Para o Reino Unido, a queda de 40%!
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Espera-se que o melancólico fim da força-tarefa da Lava Jato e o brutal asfixiamento financeiro da Polícia Federal, promovido pelo governo Temer, não seja motivo para esquecermos as consequências trágicas, para a economia, para o emprego, para o futuro do nosso país, da insanidade golpista que dominou a instituição, sobretudo as dependências do Paraná.
A desastrada operação Carne Fraca, lançada com grande estardalhaço pela Polícia Federal daquele estado, a um custo imenso para o erário público, e que, ao cabo, não trouxe uma mísera evidência de que havia qualquer problema consistente na qualidade das carnes nacionais, teve um efeito terrível sobre a exportação do produto nos últimos três meses.
Anunciada no dia 17 de março, a Carne Fraca detonou, imediatamente, um efeito em cascata de vetos à carne brasileira nos principais mercados do mundo. Decidimos usar os dados acumulados dos três meses de abril a junho, e compará-los ao mesmo período do ano anterior.
A quantidade de carne exportada pelo Brasil de abril a junho deste ano caiu 14% em relação ao ano passado. Foram 232 mil toneladas de carne que deixaram de ser exportadas. Se consideramos o preço médio da exportação nesse período, de 2,2 mil dólares por tonelada, o Brasil pode ter perdido mais de 520 milhões de dólares em divisas, em apenas três meses, o que daria quase 2 bilhões de reais. É muito mais do que a Polícia Federal precisa, por exemplo, para voltar a emitir passaportes, pagar a gasolina dos agentes rodoviários e voltar a fazer grandes operações.
Se multiplicarmos essa diferença, em toneladas, por quatro, para termos uma ideia de quanto podemos perder num ano, chegamos a um possível prejuízo de mais de 2 bilhões de reais, o que daria mais de 7 bilhões de reais, em apenas um ano.
Se os efeitos da Carne Fraca se fizerem se sentir por alguns anos, o que é provável, então estamos diante de uma verdadeira tragédia financeira.
O articulista conversou com alguns advogados experientes, que conhecem a cabeça dos setores curitibanos da Polícia Federal, e a nossa conclusão é que a Carne Fraca foi pensada para ser uma segunda Lava Jato. Foi uma operação para derrubar Dilma Rousseff.
O delegado responsável pela Carne Fraca, Maurício Moscardi Grillo, é um coxinha de quatro costados e não me surpreenderia se ele tivesse pensado que o filho de Lula tivesse, de fato, participação na Friboi.
Afinal, a pesquisa da USB numa das manifestações coxinhas em São Paulo não identificou que mais de 70% dos entrevistados acreditavam na história de que Lulinha era sócio da Friboi? Por que Moscardi, que postava fotos de Aécio Neves nas redes sociais, e xingava Dilma, Lula e o PT, não acreditaria?
Moscardi protagonizou uma polêmica mais recente, ao dar entrevista à Veja dizendo que a prisão de Lula era uma questão de “timing” político.
A Dilma caiu antes, a Lava Jato produziu uma crise econômica de proporções catastróficas e a operação Carne Fraca perdeu completamente o timing político. Virou um mico. Não antes, porém, de causar um estrago ciclópico nas exportações brasileiras de carnes e estar levando a JBS, a maior empresa do mundo no setor de carnes, a tentar, com desespero e urgência, desvencilhar-se de seus ativos, vendendo-os a preços abaixo do mercado. Além, é claro, de promover demissões em massa.
Tudo isso, naturalmente, está causando uma enorme crise no capital de giro nos frigoríficos nacionais, porque o consumo doméstico de carne também está caindo, em função da depressão econômica e do desemprego. De maneira que a Carne Fraca produziu uma tempestade perfeita para o setor de carnes.
A China, que no ano passado era o maior comprador de carnes brasileiras, reduziu suas compras em quase 40%.
Arábia Saudita, outro importante importador de carne brasileira, comprou quase 30% menos este ano.
Quando olhamos a coluna da variação na tabela abaixo, constatamos a extensão da tragédia: quase todos os países reduziram fortemente suas compras do Brasil.
As exportações brasileiras para os mercados mais nobres, que pagam os melhores preços por nossa carne, despencaram.
As vendas para Holanda, por exemplo, caíram 25%. Para a Alemanha, caíram 22%. Para o Reino Unido, a queda de 40%!
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