Prefeito Greca e o fantasma de Olavo de Carvalho em Curitiba

"Resta saber se o prefeito Rafael Greca, católico fervoroso, cede aos apelos das forças das trevas ou manda um sonoro vade retro, satanás", diz Milton Alves

Rafael Greca
Rafael Greca (Foto: Marcos Corrêa/PR)


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A iniciativa de um grupo de parlamentares de extrema direita na Câmara Municipal de Curitiba, que aprovou uma esdrúxula homenagem ao guru do bolsonarismo, o jornalista Olavo de Carvalho, dividiu a base de apoio de Rafael Greca (PSD) e tem gerado dor de cabeça para o prefeito .

Na última terça-feira (11), parte da base governista aprovou, por estreita margem de votos – 14 a favor, 9 contra e 12 vereadores, entre abstenções e ausências – , o título de Cidadania Honorária Póstuma ao militante extremista, falecido aos 74 anos, em 2022, nos Estados Unidos, após de ter sido diagnosticado com Covid-19. Agora, o texto segue para sanção do Poder Executivo.

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O prefeito tem manifestado resistência para sancionar favoravelmente o texto aprovado no parlamento curitibano, mas vereadores da direita e órgãos de comunicação comprometidos com o bolsonarismo pressionam Greca. Ou seja, o cabo de guerra promete continuar nos próximos dias: a data de nascimento de Olavo de Carvalho foi no dia 29 de abril.

O guru do ex-presidente Jair Bolsonaro morou por um período de sua vida em Curitiba. Em 2003, mudou-se do Rio de Janeiro para a capital paranaense. Aqui desenvolveu atividades no jornalismo e montou um instituto para ministrar o seu curso conhecido como COF (Curso Online de Filosofia), que pregava abertamente as teses da extrema direita, como a revisão histórica do nazismo, o armamentismo, teses racistas, misóginas, a defesa da guerra cultural contra a esquerda e o marxismo em geral e a prática do discurso de ódio contra os adversários políticos.

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Em Curitiba, o ativismo neofascista de Olavo de Carvalho foi bancado por um herdeiro milionário de uma conhecida empreiteira, a CR Almeida, fundada em 1958 pelo paraense Cecílio Rego Almeida, que cresceu com as obras encomendadas pela ditadura militar.

Nesses dias, marcados por crescentes ações de ataques contra escolas e pessoas negras, resultado direto da semeadura do discurso de ódio do bolsonarismo, é um desserviço, um ato de estímulo ao neofascismo e a intolerância política, a aprovação da homenagem ao guru do ex-presidente Bolsonaro.

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Não há nenhum tipo de argumento político e racional que justifique a concessão da honraria para Olavo de Carvalho. A cidadania de Curitiba não merece passar por essa vergonha, apenas para saciar a tara ideológica de uma dúzia de vereadores celerados da extrema direita – do lumpesinato da lacração, da bancada da bala e do fundamentalismo pseudo-evangélico.

O fantasma de Olavo de Carvalho ronda o Palácio 29 de março. Resta saber se o prefeito Rafael Greca, católico fervoroso, cede aos apelos das forças das trevas ou manda um sonoro vade retro, satanás! Para os vereadores que pretendem realizar a macabra e injustificada homenagem.

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