Precisamos conversar sobre o futuro da Petrobrás
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Em 2021 a Petrobras, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, indo na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Vivíamos sob a égide do negacionismo.
Circula nas redes sociais um texto apócrifo, escrito em português de Portugal, intitulado: “Algumas previsões muito interessantes, mas também assustadoras”.
Para início do tema que abordarei, destaco dois itens:
7. Grandes fabricantes de automóveis inteligentes já destinaram dinheiro para começar a construir novas fábricas que só constroem carros eléctricos.
8. As indústrias de carvão irão embora. As companhias de gasolina/petróleo irão fechar. A perfuração de petróleo irá parar. Portanto, diga adeus à OPEP! O Oriente Médio estará em apuros.
Quem se interessar pelo inteiro teor, pode acessar o link: https://medium.com/@fernandocastilho/algumas-previs%C3%B5es-muito-interessantes-mas-tamb%C3%A9m-assustadoras-50b265359dc6
Previsões sobre o futuro costumam falhar, mas neste caso, o futuro está tão próximo que já pode ser considerado presente.
Realmente, montadoras presentes ou não no país, já estão dando mais ênfase a modelos com motores elétricos do que a combustão. Algumas já elegeram a data de 2025 para encerramento da produção de motores movidos a gasolina e a diesel. Já há também ônibus e caminhões rodando com energia elétrica.
O futuro (presente) já é, portanto, dos veículos movidos a eletricidade.
Tendo esse dado como certo, surge a primeira indagação: se em poucos anos haverá mais veículos elétricos do que movidos a gasolina, etanol e óleo diesel, de onde tiraremos a energia elétrica para alimentá-los? Nossas usinas hidrelétricas darão conta dessa demanda? Afinal, quando os reservatórios baixam seus volumes em tempos de estiagem, não há racionamento? E a tarifa não fica mais cara?
Essa é uma discussão que precisa ter início assim que o governo Lula se sentir mais acomodado no Planalto.
O outro item que devemos considerar é o 8, um pouco alarmista, mas nem por isso, despreocupante.
Além da mudança da matriz energética dos veículos, devemos lembrar que a produção de nosso parque eólico vem aumentando ano a ano. Segundo o Anuário 2020 da Empresa de Pesquisa Energética, a participação da geração de eletricidade a partir de pás eólicas, foi de 8,9%, dados de 2019, sendo que, de lá para cá, a produção saltou de 14.706 GW para 22.000 GW. Portanto, há de se supor que terminamos o ano de 2022 com cerca de 12% ou mais de participação de energia eólica em relação à todas as outras matrizes energéticas.
A geração de energia a partir de placas fotovoltaicas também vem crescendo enormemente no país. Saltamos de 7,9 GW, ao final de 2020, para 13 GW ao final de 2021, crescimento de 65%.
Parece claro que nossa matriz energética, aos poucos vem se transformando.
Há décadas o fantasma do esgotamento do petróleo preocupa a humanidade, mas a realidade nos mostra que antes que isso ocorra, ele já vem sendo substituído, e para melhor, afinal, fontes não poluidoras são o que desejamos para baixar a emissão de gases de efeito estufa e reduzir os impactos ambientais das mudanças climáticas.
Mas, para nós, brasileiros, que criamos, graças a Getúlio Vargas, a empresa orgulho do país, a Petrobras, um pensamento sombrio começa a rondar vez ou outra nossas mentes.
Todo brasileiro tem por obrigação preservar a Petrobras como um patrimônio do país, pois a empresa é referência mundial, gera milhões de empregos diretos e indiretos e ainda, neste momento, é responsável por colocar o Brasil em movimento.
Mas a preocupação levantada no item 8 do texto apócrifo é verdadeira e dessa discussão não podemos fugir a médio prazo.
Assim como empresas que produziam aparelhos analógicos tiveram que se reinventar e mudar toda a sua linha, desde projetos até plantas fabris, para passar a atender o mundo digital, a Petrobras, em algum momento próximo, terá que fazer essa reflexão.
Mas vejam que interessante: em 2021 a estatal, ainda sob o governo Bolsonaro, decidiu se retirar totalmente da produção de energia limpa, o que foi questionado pelo pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Ineep), Henrique Jäger. Segundo ele, a concentração da estatal em energia pesada vai na contramão do mundo que procura fontes renováveis e mão poluentes. Ou seja, outros gigantes do petróleo começam a se movimentar para a produção de energia limpa, mas o antigo governo negacionista preferiu seguir sua linha.
Mas o governo mudou e, com ele, novos ares voltados ao meio-ambiente têm que voltar a circular.
É perfeitamente possível que o gigante petrolífero passe aos poucos a explorar matrizes energéticas não poluentes como a eólica, a solar e mesmo a das marés.
Essa tem que ser a meta de um governo progressista preocupado com o Brasil e com o meio-ambiente.
É preciso que nos adiantemos ao que o futuro próximo nos reserva, já que todos os sinais nos apontam para ele.
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