Pragmatismo, alianças e oligarquias
Mais uma vez o pragmatismo de um partido que nasceu das greves e que dependeu de negociadores, vai ditar a lógica dos apoios eleitorais
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Conheci pessoalmente Lula no início dos anos 80, quando lecionava na Universidade Federal da Paraíba - Campus 2. O líder petista e ex-presidente da República foi ao estado para expor o projeto de criação do Partido dos Trabalhadores. No fim de sua explanação disse Lula: "a greve é a maior arma do trabalhador brasileiro". A frase desconversou a platéia - por sinal simpática a ele.Se a greve era a maior arma do trabalhador, para que criar um partido?
Desde essa época ficou a impressão que era o movimento sindical do ABC quem pautava o partido, não o partido que politizava estrategicamente o movimento sindical. O PT ficou com a fama de sindicalismo, sem uma visão ampla do desenvolvimento do capitalismo no Brasil e que estratégias seriam necessárias para enfrentá-lo. Depois veio o advento das "câmaras corporativas", onde líderes sindicais negociavam diretamente com os prepostos das empresas automobilísticas. E, finalmente, a entrada de ex-dirigentes sindicais nos ministérios, empresas estatais e fundos de pensão. Lula ganhou a fama de negociador e pragmático e propôs alianças, à direita e à esquerda moderada. Até a Igreja universal foi chamada para integrar o governo petista. Tendo um bispo da igreja como ministro da Pesca....das almas incautas.
Quando vejo as notícias de que Lula veio ao Recife tratar de uma aliança nacional com o PSB para apoiar sua candidatura e, em troca, apoiar a candidatura de Geraldo Júlio ao governo do Estado, tremo nas bases. O PT não precisa desse apoio para ganhar as eleições. Nem há garantia de que o PSB venha apoiar nacionalmente o PT em todos os estados. Mais uma vez o pragmatismo de um partido que nasceu das greves e que dependeu de negociadores, vai ditar a lógica dos apoios eleitorais. E nós, pernambucanos, vamos ter que engolir a reprodução da oligarquia pernambucana por um bom tempo ainda. É o tempo do inferno, do sempre-igual, de que falava Blanqui, Baudelaire e Benjamin referindo-se a modernidade capitalista (no nosso caso) hipertardia e atrasada.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247