Por que só o PT deve abandonar seus candidatos para apoiar outros partidos?
O objetivo da direita é desmoralizar por completo o PT e apresentar o partido como um partido “falido”, “desmoralizado”, “ultrapassado” e outros sinônimos do tipo
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Por Juca Simonard
Por que só o PT deve abrir mão de seus candidatos para apoiar outros partidos? É perceptível que existe uma intensa campanha, não apenas entre a esquerda, mas principalmente na imprensa golpista, para que os petistas abandonem Jilmar Tatto, em São Paulo, e apoiem Guilherme Boulos.
Matéria da Folha de 14 de outubro diz “PT já impõe prazos a Tatto e debate possibilidade de apoio a Boulos em São Paulo”.
Não é preciso muita pesquisa para perceber o fato. Basta entrar em qualquer matéria da Folha de S.Paulo sobre a candidatura de Tatto. Quem fizer isso, verá que, no geral, atacam explicitamente o petista e sempre fazem questão de lembrar que muitos petistas (e aí segue uma lista de nomes) estão apoiando o candidato do PSOL.
Alguns irão alegar que essa campanha existe porque Boulos é o principal nome da esquerda com probabilidade de chegar ao segundo turno em São Paulo. A recente pesquisa do Datafolha comprova isso. Boulos aparece tecnicamente empatado com o segundo colocado das intenções de voto, Celso Russomanno.
Mas por que essa campanha só é forte quando é para o PT abandonar seu candidato? Pesquisa do Datafolha também mostra que Benedita da Silva (PT) está tecnicamente na segunda posição das intenções de voto, empatada com Martha Rocha e Marcelo Crivella. Ou seja, se formos confiar nas pesquisas (obviamente não confiáveis) da Folha, também existe a chance de Benedita ir para o segundo turno.
Então, pergunto novamente: por que só o PT deve abandonar suas candidaturas para apoiar um outro partido? Por que o PT deveria abandonar Tatto em São Paulo para apoiar o PSOL e o PSOL não deveria abandonar Renata Souza para apoiar o PT?
Quem entende um pouco de política, sabe que as campanhas da imprensa golpistas são calculadas para servir seus interesses. Como disse em outra coluna, as eleições fraudadas deste ano têm como objetivo, para a direita, isolar completamente o PT - que provavelmente não irá ganhar nenhuma capital, tirando onde se lança como vice, como em Porto Alegre (partido é da chapa de Manuela d’Ávila, do PCdoB).
Naturalmente, o objetivo da direita é desmoralizar por completo o PT e apresentar o partido como um partido “falido”, “desmoralizado”, “ultrapassado” e outros sinônimos do tipo. Mas qual é o interesse disso? Não apenas fazer com que o PT não conquiste nenhuma capital. A jogada parece ser muito maior. Ao que parece, a manobra da direita serve para impedir que a esquerda se unifique em torno da candidatura de Lula em eleições presidenciais.
Isto é, parece ser uma manobra para impedir que a esquerda realize uma campanha em torno de Lula, que necessariamente será uma campanha contra o golpe e contra a frente ampla. Tanto é que a propaganda de que o PT - e a esquerda no geral - deveria pensar em uma “nova” liderança é bastante divulgada pela imprensa golpista. (Veja-se as colunas de Ascânio Seleme publicadas no jornal O Globo).
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