Por que o Brasil não usa suas reservas contra a crise?

É razoável para o brasileiro mediano, que vê, por exemplo, seu direito ao seguro-desemprego se distanciar de seis meses para 18 meses de carência com as novas regras, se perguntar por que o Brasil não utiliza parte desta poupança para sair do aperto

É razoável para o brasileiro mediano, que vê, por exemplo, seu direito ao seguro-desemprego se distanciar de seis meses para 18 meses de carência com as novas regras, se perguntar por que o Brasil não utiliza parte desta poupança para sair do aperto
É razoável para o brasileiro mediano, que vê, por exemplo, seu direito ao seguro-desemprego se distanciar de seis meses para 18 meses de carência com as novas regras, se perguntar por que o Brasil não utiliza parte desta poupança para sair do aperto (Foto: Aquiles Lins)


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O segundo governo da presidente Dilma Rousseff enfrenta o mau humor e a resistência no Congresso Nacional para aprovar o pacote de ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que prevê o superávit de 1,2% do PIB com economia de pelo menos R$ 60 bilhões nos gastos do governo. Nesta quarta-feira, 18, em Nova York, Levy disse estar confiante que o governo terá o apoio adequado do Congresso para aprovação do ajuste fiscal.

As medidas contrariaram o discurso de campanha da presidente e incluem mudanças em direitos trabalhistas, previdenciários, como as Medidas Provisórias 664 e 665, e aumento de impostos sobre combustíveis, importações e sobre o crédito. Como 247 já mostrou, Brasília conspira contra as mãos de tesoura fiscal de Levy. Mesmo que as mudanças tornem a máquina federal mais eficiente no quesito arrecadar.

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Entre as ações do triunvirato econômico da presidente, não se fala, entretanto, em utilizar as reservas internacionais do Brasil para ajudar de alguma maneira no trespassar das dificuldades financeiras do governo.

O Estado brasileiro possui atualmente o montante de US$ 371,929 bilhões em reservas internacionais, segundo o último saldo divulgado pelo Banco Central, no dia 15 deste mês. Montante extraordinário representa 16,8% do PIB do Brasil de 2014 e põe entre os dez países com maiores reservas do mundo.

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Em 2011, Dilma recebeu do ex-presidente Lula o governo com US$ 297,696 bilhões em reservas internacionais. Em quatro anos, conseguiu elevar o montante em 20%, como mostra a série histórica de variação das reservas internacionais, disponibilizada aqui pelo BC. A mesma série mostra que em dezembro de 2002, fim do segundo governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil tinha US$ 39,594 bilhões.

Até hoje, a grande maioria das reservas brasileiras está investida em títulos da dívida pública do governo dos Estados Unidos, cujos juros estão entre os menores do mundo.

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Se convertermos estes US$ 371,929 bilhões para reais utilizando a cotação do dólar desta quarta-feira de cinzas, a R$ 2,84, vemos que o Brasil tem a expressiva poupança de 1 trilhão, 56 bilhões e 278 milhões de reais.

Mesmo sem conhecimentos aprofundados sobre economia internacional ou eficiência nos gastos públicos, é razoável para o brasileiro mediano, que vê, por exemplo, seu direito ao seguro-desemprego se distanciar de seis meses para 18 meses de carência com as novas regras, se perguntar por que o Brasil não utiliza ao menos uma parte desta poupança para sair do aperto.

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Os economistas explicam que com essa gordura espessa na poupança, o Banco Central, sob a batuta de Alexandre Tombini, seria capaz de evitar a desvalorização do real em momentos críticos. Entretanto o real tem se desvalorizado nos últimos meses. Também se fala que a mera divulgação da existência de reservas tão vultosas mostra a investidores que o país está preparado para enfrentar turbulências.

Apesar do raciocínio tecnicamente primitivo, soa um pouco estranho para o brasileiro ver o Brasil se orgulhar em ter 1 trilhão de reais na poupança no exterior, estando precisando de dinheiro dentro de casa.

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