Por que Lula validou a fraude? Um erro definitivo

Ao legitimar o simulacro e deixar-se prender, também permitiu, mesmo que involuntariamente, que nos aprisionassem e calassem a voz que falava por todos nós

Por que Lula validou a fraude? Um erro definitivo
Por que Lula validou a fraude? Um erro definitivo (Foto: Stuckert)


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Não perdoo Lula.

Não o perdoo pelos erros na indicação dos ministros do STF, nem pela indicação da Dilma, politicamente incapaz e administrativamente medíocre; não o perdoo pela sua incapacidade de romper com a ditadura das empreiteiras e com o sistema de financiamento empresarial de campanhas; não o perdoo pela fé cega num pacto de classes (que foi vigente apenas enquanto interessou à plutocracia).

Mas não o perdoo, principalmente, por submeter-se voluntariamente a um simulacro de processo.

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Ao legitimar o simulacro e deixar-se prender, também permitiu, mesmo que involuntariamente, que nos aprisionassem e calassem a voz que falava por todos nós.

Talvez ele não tenha se dado conta que ao legitimar a fraude e submeter-se à prisão ele lançou-se – voluntariamente - na vala comum dos líderes que quando chegam ao poder corrompem-se (essa é a narrativa, essa é a nova versão transformada em verdade que vem sendo escrita).

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Lula é o representante, mas o PT é obra coletiva de milhões de filiados e simpatizantes desde 1980. O PT jamais não existiria sem a nossa militância.

E não me acusem de engenheiro de obras prontas, pois em 13 de agosto de 2017 escrevi artigo sob o titulo “Por que Lula valida a fraude judicial? ” [1].

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Lula deveria ter buscado, com o apoio de um dos 91 países em que Partidos socialdemocratas se solidarizaram com ele após sua condenação.

Lula deveria pedir asilo ou refúgio político. A menina Saudita de apenas 18 anos foi capaz de tomar a decisão certa, Lula não foi capaz.

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É inegável que Lula é vítima de Lawfare e que foi condenado em um processo extremamente polêmico, onde as acusações, a argumentação da denúncia e a motivação da sentença são altamente questionáveis, afinal ninguém pode ser condenado unicamente com base em denúncias e provas indiciárias.

Mas Lula legitimou tudo isso. Por quê?

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É inegável que a sentença que condenou Lula deve ser compreendida no contexto da polarização que vivemos por aqui e por uma politização indesejada da Justiça brasileira e do papel do Poder Judiciário na restauração de um governo integralmente liberal e de direita.

Mas Lula legitimou tudo isso. Por quê?

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É inegável que não há mais dúvidas quanto a parcialidade do então juiz Sérgio Moro, dúvida liquidada com sua adesão ao governo Bolsonaro.

Mas Lula legitimou tudo isso. Por quê?

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É inegável que Moro não atuou como um juiz, ele agiu como acusador e usou os meios de comunicação para criar um clima favorável à condenação, ou seja, não se pode falar em um juízo justo.

Mas Lula legitimou tudo isso. Por quê?

É inegável que a sentença do hoje assessor de Bolsonaro deveria ter sido examinada e reformada pela segunda instância, mas não foram sequer lidos os recursos e a sentença mantida, com pena agravada, em tempo recorde.

Nunca houve possibilidade de o TRT da 4ª Região aplicar a lei no caso de Lula, o que foi revelado pelas declarações do Presidente daquele órgão no sentido de que não haveria possibilidade de absolvição de Lula por lá...

Ou seja, forças terríveis, mas não invisíveis, impediram uma nova candidatura de Lula.

Mas Lula legitimou tudo isso, submetendo-se a um simulacro de processo. Por quê?

Na época registramos que a falha, ou fraude, na prestação jurisdicional afetaria o nosso processo eleitoral e a nossa raquítica democracia.

Então pergunto: diante disso tudo por que Lula manteve a decisão de validar a fraude judicial? Por que não nos manteve livres buscando refugio ou asilo?

Sim, todos que nos últimos 38 anos defenderam o ideário da justiça social, do Estado de bem-estar social, da solidariedade, da diversidade e da fraternidade entre as nações, estão presos com Lula.

Sim, somos milhões de Lulas, mas aprisionados.

Quem é nossa voz? Gleisi? Dilma? Haddad? Manuela? Boulos? Ciro? Luciana Genro? Orlando Silva? Tenham dó!! Esse pessoal sequer consegue sentar em volta de uma mesa e estabelecer uma agenda comum, pois se comportam como imprescindíveis, como herdeiros primogênitos de um espólio inexistente.

Cada vez mais a minha fé esta direcionada para a geração de Samia Bonfin e para o MST, onde há militância genuína.

Qual a luta? É nos tribunais para libertar Lula? É na sociedade organizando e realizando o debate e formando quadros? É a defesa da democracia e do Estado Democrático de Direito? Essas são as lutas, mas quem vai nos liderar e inspirar?

Lula foi vítima de Lawfare travestida de devido processo legal, razão pela qual todo esforço de seus advogados é inútil, sendo assim o único caminho era o asilo ou o refúgio, o único caminho é a Política.

Escrevi em 2017: “Os vassalos do Império vão tirá-lo da corrida eleitoral, criminalizá-lo e buscarão destruir o mito e reescrever a história”, infelizmente acertei.

Por que ele seguiu por esse caminho? Por que validou a fraude?

O que pretendeu Lula oferecendo-se à imolação?

Lula livre, mesmo fora do Brasil, estaria diariamente conversando conosco e com o mundo através das redes sociais, estaria denunciando a democracia de fachada instalada após o golpe de 2016, estaria liderando e inspirando nossos dias, os quais não tem sido divertidos, mas preferiu deixar-se prender.

Nós, que por trinta e oito anos estivemos ao seu lado e ao lado do projeto de país que ele representa, temos direito a obter respostas, pois o republicanismo barato, o institucionalismo medíocre e a conciliação de classes nos legou Bolsonaro, um STF acovardado e colocou o maior líder popular da nossa História sob a tutela de um Estado sequestrado pela plutocracia.

Por favor, “líderes” remanescentes, nos deem respostas e apontem caminhos, pois vejo lucidez apenas nas palavras de outro injustiçado, o comandante José Dirceu de Oliveira e Silva.

 

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