Por que EUA limitariam suas Big Techs se elas controlam as veias digitais que ainda lhe dão hegemonia geopolítica?
"É muito pouco provável que as autoridades americanas tenham efetivamente interesse em regulamentar as ações destas gigantes do setor de tecnologia com um conjunto de novas leis e decretos antitrustes", escreve o engenheiro e professor do IFF Roberto Moraes
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Nesta terça-feira (28 de julho de 2020), os presidentes da Google, Facebook, Apple e Amazon - também conhecidas em conjunto pela sigla Gafa ou como "Big Techs"-, prestam depoimentos juntos em audiência no painel antitruste do Comitê Judiciário da Câmara Federal do Congresso dos EUA.
Por conta disso, a FB até adiou em alguns dias, a divulgação de seu balanço trimestral (semestral). Avalio que tal decisão vise evitar dar mais argumentos ao crescimento financeiro de seu oligopólio, em especial neste momento da Pandemia e maior uso das plataformas digitais.
As gigantes do setor de tecnologia respondem a vários questionamentos sobre o uso do poder de mercado que detêm para prejudicar rivais nos EUA. As arguições também giram em torno de uso de práticas ilegais que essas Big Techs usam para se tornarem gigantes e dominantes, como nenhuma outra companhia ou setor na história dos EUA.
Interessante que a questão venha à tona, logo depois do caso do bilionário, Musk dono da Tesla, sobre participação em articulações geopolíticas de interesses da própria corporação e dos EUA, na Bolívia.
Agora o caso da investigações de autoridades estadudinenses contra as 4 maiores Big Techs (Facebook, Apple, Google, Amazon), que juntas valem quase US$ 5 trilhões (4 PIBs do Brasil), também têm no seu âmago evidências sobre a relação do poder econômico destas gigantes do setor, com o poder político e a geopolítica dos EUA.
O valor e a concentração econômica monopólica destas empresas é bem maior do que qualquer outra corporação teve no passado de setores oligopólicos conhecidos como: petróleo, automóveis, siderurgia e outros.
A Google está sendo mais investigada pelo Departamento de Justiça, sob controle dos Republicanos. Já o Facebook é mais fiscalizado pela FTC (Federal Trade Comission) que é mais vinculada aos Democratas.
O Facebook já é bem conhecido pelas fortes participações nas eleições, em diversos países, com direcionamentos de anúncios para públicos segmentados, conforme interesses de apoio político, a partir de dados coletados por suas redes, armazenados em seus Big Datas e processados por seus algoritmos e pela Inteligência Artificial (IA).
Na verdade as 5 "Big Techs" que inclui ainda a Microsoft, possuem relações umbilicais junto ao Deep State (Estado Profundo) dos EUA, onde Wall Street se articula com o poder político, policial e militar dos EUA, acima dos governos.
Nunca o órgão de antitrustes dos EUA foi tão leniente com um esquema oligopólico como esse atual. O que demonstra o peso que tem esse processo que passei a chamar de plataformismo, que vai além de um processo de intermediação entre demanda e organização da produção e chega a volumosos fluxos materiais e financeiros mundo afora, com controle centralizado nos EUA, sede desta Big Techs.
Sendo assim, é muito pouco provável que as autoridades americanas tenham efetivamente interesse em regulamentar as ações destas gigantes do setor de tecnologia com um conjunto de novas leis e decretos antitrustes.
A política e a geopolítica explicam. As oligopólicas Big Techs estadudinenses controlam as veias digitais e financeiras de quase todo o mundo. Por que haveria de reduzir esse controle, senão o de dividir os campos de atuação de cada uma delas? A conferir!
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