Por que devemos evitar os “alimentos” ultraprocessados

O problema não está em comer vez ou outra um biscoitinho recheado ou um salgadinho ou, ainda, tomar um refrigerante. O problema é que, graças a uma propaganda maciça, as indústrias de alimentos ultraprocessados estão conseguindo incluí-los na nossa dieta cotidiana, fazendo com que as pessoas os consumam em detrimento de uma alimentação mais saudável



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Semana passada o governo Bolsonaro, por intermédio da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, investiu pesado contra o Guia Alimentar para a População Brasileira e, consequentemente, contra o conceito de alimentação saudável. O assunto teve grande repercussão. O Brasil 247 deu destaque ao ataque, escrevi um artigo sobre o tema, os grandes veículos de comunicação – entre eles O Globo, Folha, Estadão, G1 – também destacaram o assunto.

Tudo isso porque o Ministério da Agricultura elaborou uma Nota Técnica na qual sugere modificações no Guia, especialmente no que se refere aos alimentos ultraprocessados. Pretende que o Ministério da Saúde elimine a expressão – e o conteúdo - “alimentos ultraprocessados” do Guia.

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É nítido que essa demanda é para atender o lobby das transnacionais produtoras de alimentos, que têm nos ultraprocessados a sua principal fonte de lucros.

O termo ultraprocessado, como falei no artigo da semana passada, é uma categoria de alimentos que faz parte da classificação NOVA, desenvolvida pela equipe do professor Carlos Monteiro, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP)

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Se essa classificação tivesse passado despercebida quando foi lançada, tudo bem; mas, ao contrário, passou a ser referência em diversos países do mundo, e em vários deles, inclusive no Brasil, têm surgido campanhas contra o uso abusivo desses ditos alimentos.

O Guia se baseia nessa classificação e dedica oito páginas para apresentar os alimentos ultraprocessados. E começa com uma advertência: “Evite os alimentos ultraprocessados”.

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E continua assim: Devido a seus ingredientes, alimentos ultraprocessados – como biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. As formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

O Guia resume os ultraprocessados assim: Alimentos ultraprocessados são formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes). Técnicas de manufatura incluem extrusão, moldagem e pré-processamento por fritura ou cozimento.

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Sabor que vicia

Em entrevista ao Estadão, o professor Carlos Monteiro ressaltou que “a indústria percebeu que poderia ganhar muito dinheiro com alimentos de baixo custo, que aproveitam componentes de outros alimentos e têm sabor que as pessoas gostam e viciam”.

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O problema não está em comer vez ou outra um biscoitinho recheado ou um salgadinho ou, ainda, tomar um refrigerante. O problema é que, graças a uma propaganda maciça, as indústrias de alimentos ultraprocessados estão conseguindo incluí-los na nossa dieta cotidiana, fazendo com que as pessoas os consumam em detrimento de uma alimentação mais saudável.

Vários estudos científicos realizados em diversos países têm mostrado que o uso abusivo dos ultraprocessados causam problemas sérios de saúde, como doenças cardiovasculares, diabetes, câncer e, principalmente, obesidade.

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Uma forma prática de distinguir alimentos ultraprocessados de alimentos processados é consultar a lista de ingredientes que, por lei, deve constar dos rótulos de alimentos embalados que possuem mais de um ingrediente. Um número elevado de ingredientes (frequentemente cinco ou mais) e, sobretudo, a presença de ingredientes com nomes pouco familiares e não usados em preparações culinárias (gordura vegetal hidrogenada, óleos interesterificados, xarope de frutose, isolados proteicos, agentes de massa, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos) indicam que o produto pertence à categoria de alimentos ultraprocessados.

Um exemplo: o molho Caseiro para saladas da Liza, que de caseiro mesmo não tem nada. É um ultraprocessado com excesso de sódio, gorduras trans e gorduras saturadas. É fabricado pela Cargill (em uma fábrica, portanto, e não na casa de ninguém). Dos seus 23 ingredientes, muitos deles não estão na sua cozinha, como amido modificado, acidulante ácido cítrico, estabilizante goma xantana, aromatizante, conservadores sorbato de potássio e benzoato de sódio, realçador de sabor glutamato monossódico, corante natural urucum, sequestrante EDTA cálcio dissódico e antioxidante TBHQ.

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Portanto, indica o Guia, indico eu e os adeptos da alimentação saudável: faça dos alimentos naturais ou minimamente processados a base de sua alimentação.

Em outras palavras, podendo, vá para a cozinha e, na medida do possível, produza a sua própria alimentação.

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