Por que as críticas pela esquerda ao governo são equivocadas

"O governo ainda está em processo de estabilização", defende Bepe Damasco

Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


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Enfrentando e derrotando uma tentativa de golpe logo de cara, o novo governo tem pouco mais de 60 dias e muitas realizações para mostrar. Mas me abstenho de detalhá-las, uma vez que não é o propósito deste artigo.

O meu ponto aqui é debater o açodamento de algumas críticas que leio e ouço ao governo  partindo do campo progressista.

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Abro um parênteses óbvio para destacar que em um governo de frente ampla o papel da esquerda e dos setores populares é mesmo o de pressionar pela adoção de suas propostas e projetos.

Contudo, é um equívoco perder de vista a correlação de forças presente na sociedade e no Congresso Nacional (o mais conservador de todos os tempos), marcada por uma extrema direita forte como nunca, tanto do ponto de visto eleitoral, como social e político.

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Deparei dias atrás com um comentário preciso nas redes sociais, cuja autoria não lembro: “o senso comum no Brasil está impregnado de fascismo.”

O desafio gigantesco de Lula é governar sob os escombros da destruição bolsonarista.

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Neste contexto, o governo prepara o terreno para pôr fim à política de preços da Petrobras, a tal da PPI ( Política de Paridade Internacional) e à farra da divisão bilionária de dividendos.

Mas é acusado de vacilante por não resolver a questão imediatamente.

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Com o orçamento público literalmente destroçado por Bolsonaro, a equipe da Fazenda liderada pelo ministro Haddad se equilibrou no fio da navalha para restituir, pelo menos parcialmente, os tributos federais que incidem sobre os combustíveis e ao mesmo tempo não penalizar os consumidores, além de adotar medidas sintonizadas com a pauta ambiental.

Mas as decisões são vistas como um recuo diante das pressões do mercado e da mídia.

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Lula tem reiterado desde a campanha seu compromisso com a construção de uma paz justa e duradoura na Ucrânia e resiste altivamente às pressões ocidentais para fornecer munições à Ucrânia. A posição brasileira e suas propostas de paz já chamaram atenção positivamente da diplomacia russa e até do presidente ucraniano.

Mas, bastou o Itamaraty apoiar uma protocolar declaração em defesa da integridade territorial da Ucrânia para a tradicional e respeitada política externa brasileira virar um mero braço do imperialismo. Até de trair e sabotar os Brics o Brasil foi acusado.

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Menos, gente, bem menos. O horror dos últimos quatro anos realçou o valor fundamental da estabilidade democrática. O governo ainda está em processo de estabilização, em um cenário no qual, de forma praticamente inédita na história do país, os nazifascistas contam até com poder de fogo para mobilizações populares.

E não se iludam: CPIs de todo tipo vêm aí para acossar governo, assim que o Congresso Nacional retomar seu funcionamento pleno. Outro obstáculo sério é o fato de que boa parte dos aliados de centro-direita não compartilha de nossa pauta econômica, o que se constitui em um fator de tensão permanente.

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Críticas e cobranças são essenciais tanto para a correção de rumos políticos e estratégicos como para impedir posturas acomodadas e burocráticas. Mas sempre tendo a realidade como bússola e medida de todas as coisas.

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