Por que a mídia curva a espinha para Bolsonaro?
O jornalista Bepe Damasco chama a atenção para o pouco caso que a imprensa brasileira faz da aberração que é o governo de transição de Jair Bolsonaro. Ele diz: "Nenhum regime democrático ao redor do planeta, que tem na subordinação dos militares ao pode civil um dos seus importantes pilares de sustentação, conta com sete generais ocupando cargos de primeiro escalão, como o de Bolsonaro. Mas o Globo não vê nada demais nesta grave degeneração autoritária"
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Bolsonaro monta um ministério que pode ser comparado a uma seleção nacional do despreparo, do obscurantismo, da imbecilidade e da estupidez. Depois do "batom na cueca" do prêmio recebido por Sérgio Moro, a composição da equipe do capitão nazista causa estupefação em todas as pessoas com mais de dois neurônios. Mas a mídia noticia com naturalidade a escolha de cada energúmeno para a Esplanada dos Ministérios.
Nenhum regime democrático ao redor do planeta, que tem na subordinação dos militares ao pode civil um dos seus importantes pilares de sustentação, conta com sete generais ocupando cargos de primeiro escalão, como o de Bolsonaro. Mas o Globo não vê nada demais nesta grave degeneração autoritária.
A indicação de um fundamentalista débil mental para cuidar das relações exteriores do país já está trazendo embaraços diplomáticos ao Brasil e, certamente, provocará enormes prejuízos comerciais e geopolíticos, empurrando o país para a condição de pária internacional. Mas, para a Record, houve apenas uma “mudança de orientação no Itamaraty.”
O iletrado escolhido para ocupar o Ministério da Educação é adepto de primeira hora da cassação da liberdade de cátedra e defende abertamente o projeto fascista, e inconstitucional, da escola sem partido. Não hesitou também em aplaudir a ideia de seu chefe de censurar o Enem. Mas a Folha de São Paulo trata de seus planos sem o menor senso crítico.
O alinhamento cego do Brasil a Trump e aos EUA não só viola a soberania do país como ofende o sentimento patriótico de muitos brasileiros. Enquanto Bolsonaro bate continência para um aspone de quinto escalão do governo Trump, um de seus filhos posa com boné com o nome do presidente dos EUA e prega a mudança da embaixada do Brasil para Jerusalém. Mas, para o jornal O Estado de São Paulo e o colunista global Merval Pereira, são apenas gestos corriqueiros e banais.
A responsável pelos direitos humanos (não se sabe ainda se ministério ou secretaria) no governo Bolsonaro será uma pastora evangélica, pertencente a uma denominação neopentecostal. Uma aberração. Mas a Bandeirantes se limita a informar o currículo da pastora como assessora parlamentar.
O Ministério da Ciência e Tecnologia foi entregue aos cuidados de um astronauta sem qualquer trânsito com a comunidade científica. Não consta de sua trajetória profissional o exercício de cargo relevante na área ou da apresentação de algum trabalho que o credencie para a função. Mas a revista Veja enxerga glamour na indicação de um astronauta para esse ministério.
Pesam contra os ministros da Fazenda, Saúde e Articulação Política várias acusações de envolvimento em casos de corrupção. Mas, não tem problema, afinal, para o Jornal Nacional, corrupção é coisa só do PT.
Moral da história : seja por seu antipetismo doentio e visceral, seja por rastejar em busca das milionárias verbas publicitárias do governo federal, o monopólio da mídia faz jus ao que sempre foi : um lixo.
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