População politizada não compactua com golpes de estado
Alguém pode dizer, honestamente, que não sabia que Temer, Padilha, Geddel, Moreira, Aécio, e sua turma faziam parte de uma máfia?
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Cada vez mais, no Brasil, ser político é visto como vergonhoso. A crise que vivemos nos leva a uma situação extremamente perigosa em termos históricos: a criminalização da política e do político.
Abandonar o âmbito da política, no entanto, é dirigir-se para o âmbito da violência.
A política democrática é a maneira civilizada de se resolver conflitos e choques de interesses. Partidos políticos e Parlamento são instrumentos, por excelência, pensados para evitar a violência, por meio do exercício do voto da maioria nas grandes decisões do país.
A negação da política tem sido uma estratégia do sistema, por meio de figuras que trabalham contra a conscientização das massas, que é o que conta para que participem ou não nos destinos do país.
A atual estratégia das elites é fazer com que o povo olhe para a política como algo sujo, como sinônimo de corrupção- figura esta sempre colocada como o grande mal a ser combatido em períodos de crise.
O combate à corrupção foi o ponto comum nas crises de 1954,1964 e 2016, e é hoje tema central da manipulação da classe média pela mídia. Ela existiu e existe, é óbvio, mas em nome da luta pelo seu fim, a hipocrisia tem vencido.
É importante perceber que a mídia e as classes médias manipuladas sempre se colocam na condição moralista de luta pela eliminação da corrupção quando se trata de governos de esquerda.
Esse combate e essa indignação, porém, não se repetem quando se trata dos crimes de corrupção da direita.
A indignação demonstrada contra Lula e Dilma nas ruas não se manifesta agora contra a terrível corrupção que veio a toma no governo Temer.
Nas manifestações de 28 de abril e de 24 de maio não vimos milhares de pessoas vestidas com a bandeira do Brasil e a camisa da CBF. Por que?
Por acaso a corrupção deixou de existir? Claro que não, mas sim porque a corrupção era apenas uma desculpa para se combater o programa petista. O que mobilizou a classe média foi o combate a medidas progressistas.
A crise atual tem um agravante em relação às outras. Agora, temos o protagonismo de um novo poder, o Poder Judiciário.
Vivemos cada vez mais numa concepção jurídica que diz que constitucional é o que o STF diz que é constitucional, legal é o que o Judiciário diz que é legal. Mas não pode ser assim. Constitucional e legal é o que está na Constituição e nas leis. Interpretações são possíveis, mas não criações.
No Brasil de hoje aceita-se que se passe por cima da legislação e da própria Constituição porque o bem maior é vendido como o combate à corrupção.
E qual é a consequência? Quando se faz isso, quando se desestrutura o Estado – e isso já aconteceu em países como a Rússia, como a Itália – a tendência é que uma máfia tome conta do Estado, exatamente o que estamos vivendo atualmente, no Brasil.
Havia uma presidenta eleita, havia uma constitucionalidade instituída, que foi rompida. Alguém pode dizer, honestamente, que não sabia que Temer, Padilha, Geddel, Moreira, Aécio, e sua turma faziam parte de uma máfia?
O poder de manipulação exacerbado da mídia, o poder distorcido do Judiciário, e a real situação de disseminação da corrupção por todos os poderes no Brasil confunde a maioria da população.
Isso nos aponta a urgência de se incrementar a discussão sobre a participação política para o futuro de uma Nação. Golpes de estado são mais difíceis de serem aplicados quando a população está consciente e politizada.
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