Pode ser o fim dos CUB

Até o Papa Francisco, se estivesse na pele de Dilma, estaria com a popularidade em baixa, resultado da insistente campanha negativista midiática

Até o Papa Francisco, se estivesse na pele de Dilma, estaria com a popularidade em baixa, resultado da insistente campanha negativista midiática
Até o Papa Francisco, se estivesse na pele de Dilma, estaria com a popularidade em baixa, resultado da insistente campanha negativista midiática (Foto: Ricardo Fonseca)


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Era uma vez as contas de ex-presidentes que hibernavam há anos nos armários empoeirados da Câmara Federal. Como num passe de mágica, o mágico Eduardo Cunha desencalacrou–os, pautando e aprovando-as numa sessão histórica no último dia 6. As despesas de Itamar, incluindo talvez a daquele camarote famoso em que ele estava com Lílian Ramos sem calcinha na Sapucaí em 1994, ou quem sabe aquela da madrugada de um sábado, 4 de novembro de 1995, quando FHC assinou a medida provisória que instituía o PROER – Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional, que injetou R$ 37,76 bilhões aos bancos privados no País em 1995. Para tirar a bronca, aprovou as de Lula, mas a intenção desta benfeitoria parlamentar é, evidentemente, chegar às tão alardeadas contas (no TCU) da presidenta de Dilma de 2014.

Depois que seu nome apareceu "mirabolantemente" na operação Lava Jato e ele declarou "rompimento" do namoro conturbado com o governo (cheio de traições de sua parte), ele (Cunha) tem se reunido com líderes tucanos da oposição, para orquestrar um xeque-golpe-mate no governo Dilma e arrancá-la do poder.

Dentre as medidas emergenciais, Cunha – que não tem nada de besta – tratou de colocar a Câmara Federal em sua defesa (denunciado pela PGR), ingressou semana passada com um recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo que seja anulada ação autorizada pela Suprema Corte porque "desrespeitou prerrogativas fundamentais da Constituição e a harmonia dos poderes, necessárias para um exercício altivo e independente do Poder Legislativo para a sobrevivência de uma democracia civilizada". Ou seja, "pimenta no furico dos outros é refresco".

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O doutor Fernando Luiz Albuquerque Faria, advogado-geral da União substituto, autor da defesa de Cunha, terá de convencer os ministros a anular decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, relativa aos documentos obtidos em maio no Departamento de Informática da Câmara, para que não tenha valor legal. Ou seja, esses documentos obtidos pelos procuradores podem ser uma das provas de que ele foi beneficiário do esquema de desvios da Petrobras. Dizem que foi 5 milhões de reais a graça recebida por ele.

Diante de tal crise, o governo Dilma está apático às críticas dos telejornais e capas de jornais e revistas todos os dias, implacavelmente. O PT parece estar num planeta distante, a bancada governista no Congresso também. O ex-presidente Lula parece ser o último a tentar defendê-los. Mesmo assim, fala línguas diferentes. Muitos dos governistas abandonaram o barco, na mais cabal prova de covardia, diante da pressão midiática.

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O Congresso Nacional mais parece um campo de futebol, onde das cadeiras cativas, os deputados assistissem atônitos a partida final entre PT e PSDB, na disputa da Presidência da República Brasileira. Como se esperassem um 7 x 1 (anteriormente anunciado) contra a presidenta Dilma. Poderia definir o parangolé que se instalou no Congresso de Parangolesso. Sem base, o governo parece jogar sem os 12 jogadores necessários na partida.

Enquanto isso, a oposição goza invariavelmente, como se o jogo do poder já estivesse perdido desde a última eleição. Ministros se escondem dos holofotes, apenas Levy, da Fazenda, aparece de vez em quando para tentar explicar o óbvio. Mercadante, ministro da Casa Civil, quando dá as caras, parece tentar a todo custo fazer gol contra, elogiando a oposição e "reconhecendo os erros do governo". Balela! Erros são normais e inerentes a governos, mas elogiar oposição nesse momento é tão somente enfraquecer a retaguarda governista.

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Dilma está só... e não adianta prolongar a Lava Jato à vigésima edição que não vão chegar nem a ela e nem a Lula. Não adianta também cavar um impeachment como se fosse um pênalti, que não vai resolver. Talvez a única e tão sonhada forma de expurgá-la do poder seja através de uma capenga renúncia, pela insustentabilidade governamental e pressão midiática. Ou quem sabe instigando os militares, que até então se mantêm calados, à execução de um possível golpe – como o de 1964.

Sem aliados, o governo perde força e, para fechar com chave de ouro, o vice-presidente Temer anuncia o que todos já sabiam: "a situação gravíssima do governo brasileiro". Até o Papa Francisco, se estivesse na pele de Dilma, estaria com a popularidade em baixa, resultado da insistente campanha negativista midiática.

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Para mim, na atual conjuntura, não está mais em jogo "PT x PSDB". Ou seja, esquerda versus direita golpista. O que está preocupante é um possível fim da democracia e o retorno retumbante da ditadura. O 'quanto pior melhor' sairá pela culatra como um tiro em alvo errado. E o que os CUB – Coxinhas Unidos do Brasil – estavam planejando pode ser o fim deles e de mais de 60 anos de conquistas brasileiras.

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