Plano C de Bolsonaro é infernizar o Brasil
"Bolsonaro dizia que 'se recolheria' caso perdesse. Ele já tinha planejado, antes da derrota, o que faria caso ela ocorresse'", diz o jornalista
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Não, não acabou. E que ninguém se iluda com essa história de que Bolsonaro está abatido, deprimido e chorando em posição fetal. Ele já demonstrou, recentemente, que enquanto todos achavam isso ele estava, simplesmente, aguardando o "Capitólio Brasileiro".
A minuta do decreto golpista achada pela PF na casa do agora presidiário Anderson Torres mostra que enquanto vigia a versão do abatimento choroso e da fuga, Bolsonaro estava preparando uma volta triunfal ao Brasil após a tentativa de golpe do 8 de janeiro vingar.
Esse era o plano A de Bolsonaro, um golpe de Estado sob o "argumento" de que a eleição foi roubada e que "o povo exigiu" sua volta ao poder. Enquanto todos achávamos que ele estava "deprê", os generais Heleno e Braga Netto -- e o próprio Bolsonaro -- pediam para o "gado" não desistir dos campings golpistas diante dos quartéis.
Estava tudo planejado. Bolsonaro dizia, antes da eleição, que "se recolheria" caso perdesse. Ele já tinha planejado, antes da derrota, o que faria caso ela ocorresse. E fez. Encenou uma peça escrita a muitas mãos golpistas, dentre as quais as de Anderson Torres, Braga Netto, General Heleno e o então ministro da Defesa. No mínimo.
Quando o gado aquartelado dizia que "em 72 horas" aconteceria "alguma coisa", só errava no prazo. Incontáveis vezes os supracitados, incluindo o próprio Bolsonaro, pediam que aqueles bolsonaristas não desistissem do seu histriônico, porém real, plano golpista.
O ex-presidente confiava muito nas Forças Armadas e quem explica o por que disso é o oficial da reserva Marcelo Pimentel. Revela que "o termo 'militares incomodados' [com o governo Bolsonaro] fez parte de manchetes desde 2018, ainda durante a transição". O oficial da reserva desmente essa ideia e apresenta sua tese sobre o "Partido Militar"
"Foi o Alto Comando que construiu o governo Bolsonaro", disse Pimentel na entrevista ao site 'A Agência'. Diz que "A própria construção do Bolsonaro anticiência, antivacina, 'cloroquiner,' também faz parte disso. Porque é somente tendo uma pessoa deste quilate (...) para que os outros que estão no seu entorno, os militares, sejam levados da normalidade para as alturas da moderação".
Os militares são protagonistas e beneficiários do governo Bolsonaro e mesmo assim se apresentavam como "solução" para os problemas causados pelo presidente. Como Pimentel diz, Bolsonaro é uma invenção dos militares para retomarem o poder no Brasil e manterem seu status de a mais poderosa elite nacional.
Esse era o plano A de Jair Messias Bolsonaro. Mas, graças a Deus, Alá, Buda etc., o plano falhou.
Bolsonaro não saiu do Brasil só para "desbaratinar" e voltar depois em triunfo, caso a minuta golpista vingasse. Fugiu, também, para o caso de o plano A não funcionar. Nos EUA, acreditou em seu visto diplomático para ficar por lá sem ser deportado, já que pensava que continuaria valendo por ter entrado no país com ele, o que, em tese, dificultaria a própria extradição.
Estava mal informado. Quem o atualizou foi o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price. Revelou que estrangeiros que ingressam nos Estados Unidos utilizando visto diplomático e que, durante a viagem, deixam de realizar missões oficiais ou representar o governo de origem, devem pedir mudança de visto para status de imigrante --em 30 dias.
Esse, pois, era o plano B de Bolsonaro, caso a invasão de Brasília pelas hordas fascistas não vingasse.
Então, agora Bolsonaro pode pôr em prática o seu plano C. Qual seja, o de voltar ao Brasil. Sim, é isso mesmo: com o "gado" decepcionado e até furioso com ele, atolado em processos até o pescoço, com inelegibilidade garantida e prisão no horizonte, talvez ele volte mesmo. Mas não fará isso bovinamente.
Bolsonaro, se voltar, tentará tocar o terror. Imagine o aeroporto do Galeão -- ou o de São Paulo -- preenchido e cercado pelas multidões bolsonaristas que ainda acreditam no mito sobre o "mito". As imagens correrão o mundo e ele voltará "em triunfo", em vez de como um degredado rumo ao cárcere em sua terra natal.
Dali, ficará com seu silêncio e falas pontuais se vitimizando, colocando seus fanáticos em efervescência. E se você não acredita que ainda existam tarados de extrema-direita capazes de obrar tal loucura devido a um suposto medo de serem obrigados a irem militar na Papuda ou na Colméia, você não conhece o bolsonarismo.
E pra não dizerem que só aponto problemas e não soluções -- e até por dever cívico --, ofereço à sociedade e às autoridades solução que nem é nada de genial; é, apenas, o óbvio: preso assim que pisar em solo brasileiro, Bolsonaro não incomodará mais ninguém.
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