Pizzolato é uma causa perdida

Esquerda perde tempo na defesa de um personagem que deveria apenas envergonhá-la



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De todos os condenados na Ação Penal 470, Henrique Pizzolato está entre aqueles que despertaram mais correntes de solidariedade em setores ligados à esquerda. Razões para isso, até existem. Os gastos de publicidade da Visanet, que selaram seu destino, foram efetivamente executados e ele não assinou sozinho as liberações de verbas para as agências de Marcos Valério. Ou seja: há, sim, exageros na sua condenação, levando em conta apenas as acusações que lhe foram feitas na Ação Penal 470.

No entanto, ao contrário dos demais réus ligados ao Partido dos Trabalhadores, Pizzolato não agiu como inocente. Ao contrário, conduziu uma sucessão de fraudes e pequenos delitos que culminaram na fuga espetacular fuga à Itália. Há vários anos, ele já vinha usando os documentos de Celso Pizzolato, seu irmão morto num acidente automobilístico. Mais recentemente, simulou a separação de sua companheira Andrea Haas, a quem transferiu todo seu patrimônio imobiliário. Antes mesmo das sentenças, já havia feito um giro pela Europa, sinalizando a intenção de fugir. Agora, sabe-se que ele também movimentou uma conta na Suíça abastecida com cerca de 2 milhões de euros. Ou seja: nada do que fez lhe confere a aparência de um mártir da esquerda.

Pior do que tudo isso, quando todos os seus companheiros foram presos, onde estava Pizzolato? Escafedeu-se. Havia saído do País pela Argentina, até chegar a Maranello, na Itália, onde se escondia na casa de um sobrinho empregado na Ferrari. Enquanto José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares se submetiam a duras privações, que serão agora aplicadas a João Paulo Cunha, Pizzolato se escondia na Emilia Romagna.

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Com essa atitude, ele estragou uma semana que poderia ter terminado de forma positiva para o PT. Pela primeira vez em muito tempo, o partido saía da defensiva, reagindo às declarações do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, sobre uma suposta lavagem de dinheiro nas vaquinhas organizadas para ajudar José Genoino e Delúbio Soares a pagar as multas impostas pela Justiça. Ao levantar suspeitas contra milhares de pessoas que doaram recursos agindo de boa fé, Gilmar inflamou uma militância que parecia nocauteada.

Pizzolato, no entanto, acabou sendo o assunto da semana. E a melhor avaliação sobre sua conduta foi dada pelo deputado Vicentinho (PT-SP). "Ele tem que pagar por isso. Seu comportamento repercutiu mal. Uma vergonha e um constrangimento", disse ele. O que falta, agora, é investigar a origem dos 2 milhões de euros depositados em sua conta na Suíça, aparentemente incompatíveis com sua atividade profissional.

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