Pinochetaço neoliberal derruba Guedes no Congresso

Paulo Guedes já organiza sua saída do governo, porque vai dar rebelião política seu ataque à Constituição; ele quer desvincular as fontes de receitas dos gastos sociais e desindexar esses gastos do salário mínimo, cujo reajuste, eleva-os na mesma proporção, para sustentar distribuição de renda social democrata

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Só com ditadura

Paulo Guedes já organiza sua saída do governo, porque vai dar rebelião política seu ataque à Constituição; ele quer desvincular as fontes de receitas dos gastos sociais e desindexar esses gastos do salário mínimo, cujo reajuste, eleva-os na mesma proporção, para sustentar distribuição de renda social democrata; Bolsonaro não venceria mais nenhuma eleição, tal a impopularidade que representa esse ataque neoliberal paloguedeseano; seria um pinochetaço econômico, só possível com ditadura.

A estratégia do ministro destrói as rendas dos trabalhadores; os salários sofreriam arrocho total, junto com as aposentadorias, e os programas sociais iriam, todos, para o sal; haveria, consequentemente, aumento da população de miseráveis nos grandes centros urbanos; logo, logo, governadores e prefeitos pediriam socorro ao governo federal, para mandar o Exército, a fim de proteger a população contra aumento da violência; o país se transformaria num grande Rio de Janeiro; acirraria as contradições de classe: de um lado, os que querem a população armada; de outro, os que querem paz.

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Ficaria impossível resolução dos problemas econômicos; arrocho salarial, destruição de direitos e empobrecimento dos aposentadores reduziriam, ainda mais, a renda disponível para o consumo; o governo, sem arrecadação, não teria gás para bancar investimentos, que poderiam cair para 5% do PIB, por aí, totalmente, insuficiente para atender demandas nacionais; se as projeções, agora, dão conta de que o crescimento, em 2019, não ultrapassaria a casa dos 1%, e olhe lá, repetindo ano passado, com o achatamento da renda nacional, tudo ficaria pior ainda; como Bolsonaro vai encarar eleição municipal de 2020, para renovar prefeituras, se a estratégia de Guedes aprofunda recessão e reduz, consequentemente, transferência de recursos da União às unidades federativas?

Frente municipalista antineoliberal

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No momento, acaba de ser criada, frente parlamentar municipalista, cuja bandeira é mais recursos para os municípios; Paulo Guedes, que prometeu ir, mas não foi, na abertura desse processo político, no Congresso, promete dar mais uns tiros no modelo social democrata; prega desvinculação de receitas e desindexação dos reajustes das mesmas pelo salário mínimo, jogando este para o livre mercado, em que o negociado predomina sobre o legislado; ou seja, vai haver menos dinheiro no bolso da população para consumir; que farão os empresários, se o consumo continuar caindo, sinalizando PIB, por exemplo, de 0,5% e não mais 1%?

As expectativas é que dão o tom da economia; se elas entram em bancarrota,  empresário não vai comprar máquina nova para colocar no lugar das que já estão paradas; a capacidade ociosa, na casa dos 85%, caminharia para os 90%, 95%; a inflação, certamente, cairá, ainda mais; engrossará discurso favorável à redução dos juros; mas que adianta juro baixo, se o investimento público desaba, no rastro da desindexação e da desvinculação orçamentária? As pessoas tomariam dinheiro emprestado, apenas, porque o juro diminuiria?

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Ficariam indexados, apenas, os ganhos financeiros dos credores da dívida, sufocando as atividades produtivas; se, hoje, já levam 40% do Orçamento Geral da União, estimado, em 2019, em R$ 3,2 trilhões, com essa indexação passariam a abocanhar mais e 50%; o risco dos banqueiros, para continuar financiando a produção e o consumo, aumentaria, elevando juros e intensificando, ainda mais, expectativas negativas etc; a jogada de desvincular receitas das despesas, para sobrar mais recursos para estados e municípios, como argumenta Guedes, entra em contradição com a proposta de desindexação orçamentária; redução salarial dos ativos e inativos eleva subconsumismo; afinal, reduzir arrecadação, diminui renda dos estados e municípios.

Só banqueiro se dá bem

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Os parlamentares, com a proposta de Guedes, poderiam tirar mais do orçamento, secando verbas dos setores sociais, mas, o resultado poderia ser tiro no pé, se a economia, em vez de reagir, arriar; o fato é que o projeto ultraneoliberal de Guedes reduz geral os salários e aumenta geral os juros, por conta do risco maior que a queda de expectativas produz; os banqueiros, que lançaram livro aí receitando redução de juros, desde que aumentassem garantia dos bancos, ficariam, ainda mais, sem garantias; como aumentar garantia deles, se redução da renda dos trabalhadores sinaliza aumento de calotes?; já são mais de 60% da população economicamente ativa dependurada no SPC.

O fato é que o modelo neoliberal de Paulo Guedes deixou de ser útil, tanto para a produção, como para o consumo agregado nacional; ele não contribui para atacar a principal fonte de despesa do orçamento, a dívida pública, visto que essas mexidas macroeconômicas aumentam e não diminuem os juros, incidentes sobre o endividamento público.

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Brasil, com Paulo Guedes, caminha na contramão do capitalismo global; os países capitalistas ricos seguem outra rota, desde o colapso de 2008: jogaram os juros para casa dos zero ou negativo para não impactar endividamento crônico dos governos; não vai ser fazendo superávit primário em cima dos gastos não financeiros desindexados dos juros e da inflação, deixando indexados, tão somente, os gastos financeiros aos juros especulativos, que se encontrará solução; a dívida pública implodiria, salvo se a taxa de juro ficar negativa, como determinam, nesse momento, os bancos centrais americano, europeu, japonês e chinês, para fugirem do temporal de crise capitalista que se anuncia.

Finanças funcionais, nova macroeconomia

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Nova estratégia econômica preventiva em marcha é antídoto à pregação neoliberal, econômica e politicamente, suicida; o blá, blá, blá neoliberal, plataforma de Guedes, de que inflação decorre de excesso de demanda, sendo, portanto, necessário cortar gastos para reduzir custos e equilibrar dívida/PIB para permitir juro mais baixo, já era; os ricos aumentaram, barbaramente, os gastos, segurando juros, e a inflação não subiu; isso mudou o pensamento econômico no primeiro mundo; nesse momento, nova teoria está em curso, como destacou o economista André Lara Resende, no Valor Econômico; nele explicita novo conceito em marcha na macroeconomia capitalista adotada pelos países ricos.

Todos entram, agora, na onda de Abba Lerner, teórico das Finanças Funcionais, em contraposição às Finanças Saudáveis; o importante é ser funcional, lançando mão do déficit para produzir pleno emprego, a partir do qual se realizam os investimentos mediante crescimento da arrecadação; ao lado disso, revolução no sistema tributário, para favorecer empresas e negócios; as finanças saudáveis se ancoram no equilibrismo orçamentário, predominante no século 19, dependente do padrão ouro que, já, nos anos 1930, Keynes chamava de “relíquia bárbara”.

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Conforme economista Gustavo Galvão, autor de “Releitura da Finanças Funcionais”, 2005, UFRJ, o déficit representa oxigênio do pleno emprego que destrói a premissa neoliberal de que se tem que manter escassez monetária para evitar inflação; essa jogada só é boa para banqueiro e péssima para o povo; Lara Rezende, um dos ideólogos do Plano Real, mudou de lado, repete Galvão, ao sugerir, Abba Lerner, que, nesse momento, orienta a macroeconomia nos Estados Unidos, Europa e Ásia; ele vira o norte da expansão da nova fronteira econômica global, na Eurásia, especialmente, mediante parceira China e Rússia, já em busca de novo modelo monetário global, para diminuir predominância do dólar.

A arma é expansão do déficit com juro negativo; a dívida pública, saindo pelo ladrão, não suporta mais juro positivo; só na colônia Brasil, à custa do desemprego e fome do povo.

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