PF cria uma nova modalidade jornalística: a entrevista-circo
Para Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia, a decisão da Polícia Federal de abrir para jornalistas de outros veículos a entrevista do ex-presidente Lula que seria exclusiva para Florestan Fernandes Jr. e Mônica Bergamo, conforme decisão do STF, "mais parece uma jogada para inviabilizar a entrevista do ex-presidente Lula à Folha de S.Paulo e ao El País, marcada para a manhã desta sexta"; "Num procedimento inédito, a PF criou uma nova modalidade jornalística, a entrevista-circo, com platéia", constata a colunista
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Por Helena Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia - A Superintendência da Polícia Federal no Paraná acaba de divulgar uma estranha decisão, que mais parece uma jogada para inviabilizar a entrevista do ex-presidente Lula à Folha de S.Paulo e ao El País, marcada para a manhã desta sexta. Divulgou ofício autorizando a presença de outros jornalistas, ainda que sem o direito de fazer perguntas, na entrevista conseguida por decisão judicial pelos profissionais dos dois veículos. Num procedimento inédito, a PF criou uma nova modalidade jornalística, a entrevista-circo, com platéia.
Como Lula concordara em falar para Mônica Bergamo, da Folha, e Florestan Fernandes, para o El País, ele obviamente não deverá concordar com o formato inventado pela PF. O caso deverá voltar ao STF, que na semana passada autorizou a entrevista, que havia sido suspensa há oito meses, durante a campanha eleitoral. Se houver alguma lógica por lá, será restabelecida a decisão anterior. Só que não há garantias, e isso às vezes leva tempo, com o risco de novo adiamento.
No curtíssimo prazo, a PF – e quem estiver por trás dela, com medo de uma simples entrevista de um sujeito que, no mínimo, ainda vai levar meses para sair da cadeia – pode até passar a ideia de que venceu um round. Ledo engano. Esse tipo de atitude pequena, mesquinha, acaba sendo um tiro no pé de quem a desfere. Alimenta o discurso dos que apontam uma perseguição das instituições e das autoridades de investigação contra Lula e o PT. No julgamento da história – que, ao fim e ao cabo, é o que vai ficar -, pode ser desastroso.
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