Petrobras em ruínas
Essa política de preços, implantada em outubro de 2016 pela irresponsável gestão de Pedro Parente, é parte de um projeto que vem destruindo a empresa. O roteiro vem de fora e o objetivo é reduzir o nosso país à condição de simples exportador de matérias-primas
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Como consequência de uma política suicida do governo Temer, com incontáveis aumentos sucessivos dos combustíveis, o Brasil está vivendo uma monumental crise do petróleo, que tem na paralisação do transporte de cargas uma de suas pontas mais sensíveis para a população, pelo desabastecimento gerado, causando ansiedade, corrida às compras, aumentos, boatos, ameaças e tantos problemas que estamos vivenciando.
Essa política de preços, implantada em outubro de 2016 pela irresponsável gestão de Pedro Parente, é parte de um projeto que vem destruindo a empresa. O roteiro vem de fora e o objetivo é reduzir o nosso país à condição de simples exportador de matérias-primas, que serão processadas por empresas estrangeiras e os produtos finais serão importados para cá. Ou seja, o Brasil vende barato o petróleo bruto e compra caro a gasolina e outros derivados do petróleo processados pelas refinarias estrangeiras. Por isso, os combustíveis sofrem tantos aumentos; é o povo quem paga o pato.
O resultado dessa política é que, em um ano, a produção nas refinarias brasileiras caiu para apenas um quarto da capacidade instalada. Mas o diesel importado dos Estados Unidos – que, em 2015, representava 41% do total importado pelo Brasil – saltou para 80% do total, no ano passado.
Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobrás, o projeto golpista para a Petrobras já ganhou o apelido de "America first! ", ou seja, "América primeiro!". Os Estados Unidos são o maior consumidor mundial de petróleo, mas não produzem em quantidade suficiente para atender essa demanda. A solução é buscar o recurso como e onde deixam. No Brasil do golpe, ficou muito fácil. O pré-sal, com as suas reservas trilionárias, pode gerar 300 bilhões de barris de petróleo e já cobre 50% da produção nacional. Uma riqueza atraente e oferecida a preço de banana, sem resistência.
Nesse cenário, o Brasil vive uma paralisação nacional dos caminhoneiros, de dimensões e consequências preocupantes. A população enfrenta as consequências de um desabastecimento amplo, de alimentos, combustíveis, transportes, distribuição de água etc. Há uma crise política e institucional sem paralelo. O governo Temer parece ruir.
Enquanto isso, a imprensa classista repete que a culpa é do PT e dos governos Lula e Dilma e defende a desastrosa política de preços da Petrobras como o único remédio para garantir a saúde empresarial da estatal. Isso não é verdade.
Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobrás, a retomada de uma política de controle mesmo parcial de preços, com redução no mercado interno, poderia até melhorar o desempenho da empresa, a partir do aumento da produção nas refinarias e consequente recuperação do mercado entregue aos concorrentes. Mas esse não é o desejo da direção da estatal.
A depender dos planos anunciados por Parente, a crise poderá ser agravada em breve, com a venda de até 60% de quatro grandes refinarias do sistema: a REPAR, no Paraná; a Abreu e Lima, em Pernambuco; a RLAM, na Bahia, e a REFAP, no Rio Grande do Sul; juntas, elas têm capacidade de processamento de 846 mil barris, por dia. Para o professor José Álvaro de Lima Cardoso, do DIEESE de Santa Catarina, a venda dessas quatro unidades afetará 3.700 trabalhadoras e trabalhadores. Mas o número final será maior, porque o pacote incluirá, também, 24 dutos e 12 terminais.
A Petrobras é uma empresa pública que não pode fugir ao seu compromisso com o desenvolvimento do país, em um sentido amplo, que se traduz em desenvolvimento econômico, social, político e cultural. É uma empresa que deve servir ao país, à totalidade da sociedade brasileira, e não apenas a um grupo de acionistas preocupados apenas com o lucro fácil.
Em 1948, milhares e milhares de pessoas foram às ruas em defesa da criação da Petrobras. Levantaram faixas e picharam muros com a palavra de ordem "O nosso petróleo é nosso", depois transformado em "O petróleo é nosso". Em um caso sem precedentes no mundo, a empresa foi criada pela vontade e pela luta do povo. É a esse povo que deve prestar contas; é por esse povo que deve trabalhar
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