Pesquisa mostra por que Lula continua sendo um prisioneiro de guerra

"Além de ter o maior potencial de pessoas dispostas a votar nele, Lula também tem o menor potencial de rejeição na comparação com todos demais. Em síntese, a pesquisa IPEC mostra que Lula venceria todos seus concorrentes", escreve Jeferson Miola

(Foto: Ricardo Stuckert)


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A pesquisa do IPEC [ex-IBOPE] que mediu o piso e o teto eleitoral de candidaturas para 2022 mostra que o ex-presidente Lula tem hoje, como tinha em 2018, dupla vantagem em relação a todos nomes pesquisados.

Além de ter o maior potencial de pessoas dispostas a votar nele, Lula também tem o menor potencial de rejeição na comparação com todos demais. Em síntese, a pesquisa mostra que Lula venceria todos seus concorrentes.

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Mas esta pesquisa mostra, acima de tudo, por que Lula continua sendo tratado como um prisioneiro de guerra que, apesar de ter recuperado a “liberdade física” em novembro de 2019, ainda continua com seus direitos civis e políticos sequestrados.

A conjuntura pré-eleitoral de hoje em grande medida traz para a oligarquia dominante as mesmas dificuldades da conjuntura de 2018. Conforme indicavam todos os institutos de pesquisa à época, eram enormes as probabilidades de que Lula venceria a eleição, e já no 1º turno.

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Por isso ele foi alvejado pela ação da gangue da Lava Jato que executou, sob coordenação dos EUA e com respaldo da cúpula militar brasileira, a monstruosa farsa para prendê-lo e impedi-lo de disputar e vencer a eleição presidencial.

Para eleger Bolsonaro, portanto, foi crucial tirar Lula do caminho. Sem o serviço sujo da gangue chefiada por Sérgio Moro, e sem o emparedamento do STF pelo Alto Comando do Exército, Bolsonaro jamais seria eleito.

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Trancafiaram Lula na Guantánamo de Curitiba e trataram-no como um prisioneiro de guerra. Com a cumplicidade de uma Suprema Corte tutelada e sob pressão direta do general Fernando Azevedo e Silva no gabinete do então presidente Toffoli, proibiram inclusive entrevistas, para silenciar Lula e impedir que sua voz levasse o petista Fernando Haddad à vitória.

Os comandos das Forças Armadas, sobretudo do Exército, tudo fazem para impedir, por todos meios ilegais e inconstitucionais, a volta do PT e da esquerda ao governo central do país.

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O então candidato a vice, general Mourão, deixou claro que os militares não aceitariam o retorno do Lula. “Como é que esse camarada vai voltar a esse cargo? Como é que esse camarada vai ser Comandante em chefe das Forças Armadas? Nós vamos ter um ladrão Comandante? Não pode! Esse cara tá fora!”, declarou Mourão em evento de campanha em 8 de junho de 2018 [vídeo aqui].

No livro no qual confessou o atentado à democracia perpetrado pelo Alto Comando, o general Villas Bôas também confessou que para o Exército – instituição que atua partidariamente – “o sentimento antipetista era principalmente dirigido ao ex-presidente Lula” [pág. 217].

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Na visão deste “Pinochet brasileiro” que traiu a presidente Dilma e conspirou com Temer para derrubá-la, “havia uma forte rejeição ao PT” [pág. 218], e “o crescimento de um sentimento até de aversão ao partido” [pág. 177].

A ojeriza do “Partido Militar” a Lula, à esquerda e ao PT segue intacta. Lula, aparentemente, continua sendo “uma barreira instransponível para os militares; uma linha da qual não aparentam estar dispostos a recuar tão cedo”.

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Para Villas Bôas, “preocupa uma eventual volta ao poder pela esquerda”. Num recado que pode ser lido como ameaça, ele diz: “Não aprendem e também não esquecem” [pág. 158].

Lula é o maior obstáculo à continuidade da barbárie e do projeto devastador executado pelos militares. De acordo com a pesquisa IPEC, só Lula é capaz de interromper, a partir de uma eleição limpa, o ciclo militar-fascista em marcha e dar início à reconstrução da democracia e ao processo de salvação e reconstrução do Brasil.

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O problema, porém, é que justamente por isso Lula segue mantido como um prisioneiro de guerra do Exército brasileiro, que atua como força de ocupação que promove a brutal devastação do país.

O STF está diante do maior desafio de toda sua existência. Ou restaura a Constituição, declara Moro suspeito e anula todos arbítrios perpetrados contra Lula; ou, do contrário, se assume como instituição tutelada pelo “Partido Militar” e cúmplice de guerra deste partido ilegal.

A possibilidade do Brasil se reencontrar com a democracia e evitar a mudança de regime civil para militar depende desta decisão urgente da Suprema Corte.

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