Pequena amostra do que seria o governo mundial
A OMC, cujo diretor-geral é um brasileiro que subscreve a cartilha neoliberal, está determinada a levar adiante suas proposições de livre-cambismo, em detrimento dos países em desenvolvimento e das nações mais pobres
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O Governo argentino negou credenciamento a representantes de várias organizações da sociedade civil que pretendiam assistir em Buenos Aires à reunião da OMC-Organização Mundial do Comércio, nos próximos dias 10 a 13. Não se reconhece precedente a essa afronta a entidades pacíficas que querem levar sua opinião livre a instituições internacionais. Trata-se, claramente, de uma tentativa de calar a opinião pública em face do que decidem tecnocratas que, no caso, são meros subservientes ao capital mundial.
A OMC, cujo diretor-geral é um brasileiro que subscreve a cartilha neoliberal, está determinada a levar adiante suas proposições de livre-cambismo, em detrimento dos países em desenvolvimento e das nações mais pobres. A lista exigida pelos países ricos é ampla: plena liberdade de comércio, abertura do setor de serviços, total proteção a patentes, fim do princípio de conteúdo nacional obrigatório em investimentos externos, completa liberdade financeira. Em essência, trata-se do fim do conceito de nação na esfera econômica.
Há objeções de cidadãos do mundo inteiro a essa pauta de grilagem dos estados nacionais. O bloqueio a entrada de possíveis opositores civis a esse projeto num momento em que a Argentina é governada por um prócer neoliberal, que recorda a política enlouquecida de Carlos Menem, atesta o profundo comprometimento do governo portenho com a cartilha neoliberal. O grave é que, com a inclinação do atual Governo brasileiro, dificilmente será impedido que essa pauta da vergonha, agressora do povo, se converta em lei internacional.
O mais espantoso nesse processo é que, para efeitos práticos e teóricos, o neoliberalismo fracassou redondamente, na Europa e na América Latina. Aqui, no Brasil, basta observar a performance da economia nos últimos três anos. No curto prazo, só o recurso à manipulação permite ao atual Governo destinar R$ 1,6 bilhão a despesas de publicidade, comandadas por Moreira Franco, a fim de provar que a economia está em crescimento. De quanto?, alguém poderia perguntar. De 0,1% no trimestre sobre o trimestre anterior!
Com a decisão do Governo argentino, temos um exemplo do que seria o governo mundial, não o imaginado pelo filósofo pacifista Emanuel Kant, mas o real. Teríamos, como no caso da OMC já estamos tendo, um Governo de tecnocratas totalmente dominado pelos grandes grupos econômicos e financeiros e descolados inteiramente dos cidadãos. A OMC, como braço operacional do governo mundial, busca assim se aliar ao FMI e ao Banco Mundial, braços financeiros, para comandar uma ordem totalmente ancorada no capital. Que nos salve a China!
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