Pazuello, vice de Bolsonaro

"Tudo indica que a saída será o próprio Pazuello confessar de próprio punho ter cometido um erro, pedir passagem para a reserva e, desse modo, participar ativamente da campanha de Bolsonaro rumo a 2022", diz Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "E poderá ser, inclusive, seu vice, se continuar sendo submisso e subserviente como tem sido até agora", afirma

General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde
General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde (Foto: Alan Santos/PR)


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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

Embora o Exército tenha necessidade de se desvencilhar do general Pazuello o quanto antes, para a opinião pública não confundir o general da ativa com o pior ex-ministro da Saúde dos últimos tempos, nem ver como sinal de que o Exército apoia o golpismo explícito do atual presidente, não vejo possibilidade de uma punição mais dura, como prisão ou exclusão da força, por não haver precedentes.

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Basta ver o histórico militar de Jair Bolsonaro.

Em 1987, depois de escrever artigo na Veja sobre os baixos salários dos militares, foi preso, por “transgressão grave”, por 15 dias.

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No mesmo ano, a 25 de outubro, reportagem da revista relatou que ele e o militar Fábio Passos tinham elaborado plano para explodir bombas nos quartéis e na adutora do Rio Guandu, que abastecia de água a cidade do Rio de Janeiro, para pressionar por aumento do soldo.

Além de declarar à reportagem que seria “só a explosão de algumas espoletas” e de ter dado explicações detalhadas de como construir uma bomba-relógio, Bolsonaro disse que “nosso Exército é uma vergonha nacional e o ministro está se saindo como um segundo Pinochet”.

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O general Leônidas Pires Gonçalves, o tal ministro, declarou, dias depois que tanto Bolsonaro quanto Passos haviam “negado, de próprio punho, aquela declaração”.

A Veja publicou, então, um croqui feito por Bolsonaro, confirmado por perícia, da adutora do Guandu e o rabisco de uma carga de dinamite ligada a uma bomba.

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Foi aberta uma investigação interna e os três coronéis designados para conduzi-la decidiram por sua condenação, pois ele havia mentido.

Bolsonaro recorreu, então ao Superior Tribunal Militar, que o considerou “não culpado” por 8 votos a 4.

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Bolsonaro foi para a reserva, como capitão, em 1988 quando se elegeu vereador pelo Rio de Janeiro e, em 2015, virou capitão reformado – que é o militar desobrigado, definitivamente, do serviço militar e considerado pensionista.

O Exército também não puniu o capitão Wilson Machado apesar das evidências de que foi um dos terroristas do atentado fracassado ao show de Primeiro de Maio do Riocentro, em 1981, cujo objetivo era derrubar o então presidente general João Figueiredo e endurecer a ditadura.

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Não só não o puniu – a investigação foi arquivada - como o promoveu, como se nada tivesse acontecido. Ele chegou a coronel em 2015.

Tudo indica que a saída será o próprio Pazuello confessar de próprio punho ter cometido um erro, pedir passagem para a reserva e, desse modo, participar ativamente da campanha de Bolsonaro rumo a 2022.

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E poderá ser, inclusive, seu vice, se continuar sendo submisso e subserviente como tem sido até agora.

O comício de ontem foi o primeiro teste.

Vem aí a chapa “um manda; outro obedece”.

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