Paulo Freire, 9 de julho e as eleições
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É preciso desintelectualizar nosso debate com o povo. É urgente falar aquilo que se vê, em palavras de vivência, tal como defendia Paulo Freire.
Há uma arrogância entre nós que afasta o povo do bom debate, e quem ocupa esse nicho é justamente a direita com suas fake News, lançadas de forma simples, direta e que atingem as pessoas de senso comum. Pessoas essas igualmente importantes e valorosas em nossa sociedade, mas muitas vezes negligenciadas e excluídas pela intelectualidade.
Não quero com isso dar um tiro em meu próprio pé, alegando que a teoria não seja fundamental – já dizia o camarada Lênin: “sem teoria revolucionária, não há movimento revolucionário” – mas não podemos somente abraçá-la, sem a verdadeira práxis freiriana. Por mais que a fome e toda crise seja fruto do capitalismo, o povo quer solução prática, quer comida na mesa, emprego digno. Não quer apenas palavras rebuscadas e domínio teórico.
O povo não precisa de dados numéricos nos debates para comprovar o que está (sobre)vivendo: falta de alimento, preços exorbitantes, carestia, pobreza.
As conquistas devem ser construtivistas, praticando e mostrando os resultados, tal como os movimentos sociais MST e MTST fizeram e fazem com suas cozinhas solidárias. Assistir ao povo e promover a politização.
O conhecimento é necessário e fundamental, mas sem a prática, torna-se mero discurso.
Peguemos o exemplo do preço dos combustíveis e a falaciosa redução dos preços pelo corte do ICMS. Quantas pessoas estão acreditando nisso, mas sem saber que os preços ainda são abusivos e fruto da política de preços internacional, apoiada pelo atual (des)governo? Quantas pessoas acreditam que “agora baixou o preço” porque o inominável tomou atitude? É populismo barato em véspera de eleição e que vai angariar votos sim! Mas quantas pessoas sabem que o preço ainda é absurdo e que poderíamos pagar bem menos? Ou ainda, quantos eleitores realmente sabem que a limitação do ICMS acarretará falta de verbas para a saúde e educação dos estados, afetando seu acesso a esses direitos constitucionais já bastante precarizado
Precisamos chegar e dialogar com essas pessoas de forma simples e direta.
Enquanto não fizermos isso, continuaremos a perder as batalhas. É um erro que a esquerda jamais poderá cometer novamente. Não podemos esquecer da formação de base, pois sem ela, a luta é impraticável. É a base que nos sustenta e que poderá, quem sabe um dia, fortalecer e subsidiar a luta por objetivos maiores.
Escrevo este breve artigo justamente neste dia 9 de julho, “Dia da Luta Operária", data que marca a primeira greve geral das trabalhadoras e trabalhadores do país em 1917, para lembrarmos que o poder está no povo, e todos nós somos esse povo. Nosso inimigo, muito mais do que um adversário, é comum e só nossa unidade poderá derrotá-lo. Façamos cada um nossa parte, abrindo o diálogo com quem precisa ouvir e que, acima de tudo, saibamos também aprender.
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