Paulo Caruso, Adeus
Paulo Caruso se manteve um artista absoluto, íntegro, cultivando valores de humanidade e empatia
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Já nem me lembro de onde conheci Paulo Caruso, mas tenho duas certezas: foi num bar e o velho malte escocês selou uma imensa simpatia mútua. Sua mulher estava junto e era tão encantadora quanto ele. Se não nasceu uma amizade (nós não frequentamos, não trocamos telefones, não nos cultivamos como devem fazer os amigos), surgiu uma simpatia que alimentou sorrisos sinceros e abraços apertados em festas, livrarias, restaurantes e bares, principalmente bares, nas dezenas de encontros que tivemos ao longo dos anos.
Um democrata convicto, anti-fascista, bom caráter, boa gente. Uma exuberância de talento, transbordante inteligência no traço encantador.
Conhecido pela graça e o bom humor, era reconhecido pela generosidade típica dos agraciados pela sapiência divina.
Paulo Caruso se manteve um artista absoluto, íntegro, cultivando valores de humanidade e empatia. Enquanto isso, seu irmão gêmeo, Chico Caruso, colocou igual genialidade à serviço dos Marinho, bem pago para escarnecer e humilhar, debochar e diminuir, em “lacrações” históricas na primeira página de “O Globo” e nos telejornais da vênus platinada, praticando a arte à serviço do mal: humilhou os condenados do mensalão, os perseguidos pela maldita Lava Jato, os adversários do “doutor” Roberto Marinho. Uma charge sua garantiu-lhe um lugar no inferno: um filho do então ministro Alceni Guerra, explodido pela ira da poderosa família, aparecia como um trombadinha, com tarja nos olhos, na capa do jornal. Era um menino de 7 anos de idade!
Gêmeo, Paulo era o avesso do irmão Chico, também gênio, mas canalha.
Acordo num sábado algo chuvoso e cinza, sem as cores da alegria, com a notícia tristíssima de que a morte levou o Caruso errado. Adeus, Paulo.
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