Pátria sem chuteiras

Nada acontece se tivermos jogos 3 ou 4 vezes por semana, no máximo 2 vezes. É o que ocorre com a política. Temos mais de 30 partidos, mas uma micro representação que mata a cidadania e não representa a soberania popular

Nada acontece se tivermos jogos 3 ou 4 vezes por semana, no máximo 2 vezes. É o que ocorre com a política. Temos mais de 30 partidos, mas uma micro representação que mata a cidadania e não representa a soberania popular
Nada acontece se tivermos jogos 3 ou 4 vezes por semana, no máximo 2 vezes. É o que ocorre com a política. Temos mais de 30 partidos, mas uma micro representação que mata a cidadania e não representa a soberania popular (Foto: Carlos Henrique Abrão)


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O memorável jogo do ano passado, que se esgotou antes dos 30 minutos entre Brasil e Alemanha, não poderia passar em branco, ao menos em termos de reconstrução da pátria hoje sem chuteiras. Nos últimos anos nosso futebol enfrenta uma série de atrasos, retrocessos, e não será recuperado sem um trabalho sério, que mine a cartolagem, refreie a corrupção e o mercantilismo predominante.

É triste e também melancólico vermos os espetáculos do futebol que mais se igualam às verdadeiras peladas. Aqueles que têm alguma oportunidade preferem ir para a China ou pegar o caminho da Índia, mas não optam por permanecer no solo pátria. Os salários atrasam, se paga muito para se jogar pouco e mais faltam patrocinadores.

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Os clubes deveriam há muito tempo se transformar em sociedades anônimas, como funciona perfeitamente bem na Europa, e o exemplo mais puro é norte americano. Com um futebol envolvente a seleção feminina passeou sobre o Japão e o escrete masculino mostrou na última copa seu potencial, com técnico alemão, para que não nos esqueçamos jamais a diferença entre o coletivo e individual.

Eis nossa grande diferença: endeusam alguns poucos atletas e não tem jogo de conjunto algum, a maioria vem de fora e está pouco atraída para o futebol da seleção. Falta patriotismo garra, dividida e espírito de vitória.

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O Chile que recentemente triunfou na Copa América, apesar de ter vários jogadores em clubes estrangeiros, revelou a força da união e o espírito de se juntar para a vitória. Nem o famoso Leonel Messi foi capaz de impedir o sucesso da seleção Chilena, e olhem que individualmente a seleção argentina tinha muito mais talentos, mas não basta somente esse aspecto.

Devemos começar pela limpeza com desratização da "Confederação" (empresa CBF), colocação de técnico vindo do exterior que trabalhe com exclusividade, melhorar os patrocínios, com abertura de capital dos clubes. Nada adianta termos a CEF se o retorno pelo público é ineficiente. Hoje os estádios ficam vazios, ao contrário do sucesso europeu e mesmo do jovem modelo americano. As coisas boas de fora não precisam ser imitadas ou copiadas, basta que sejam um mecanismo de apoio para as grandes transformações.

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O pior de tudo é que passado um ano do triste e melancólico vexame nada, absolutamente nada, mudou. A seleção continua caricata com base em um ou dois jogadores. A imprensa sempre vê beleza e encantos jamais existentes, e vai, enquanto pode, enganando ao próprio torcedor, o qual já despertou vai menos a campo e não paga ingressos absurdos. Os campos da copa agora servem para espetáculos, shows, desfiles, casamentos, a única coisa que não se tem é futebol.

Que grave sensação dos desmandos e roubalheiras que se abateram em todos os setores da vida nacional, em particular nos dirigentes, cuja parte mais seleta está presa na Suíça e aguarda o pedido de deportação da justiça norte americana.

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O que sucede hoje é que temos muitos jovens estreantes e doutro lado os mais antigos que procuram, sem outras opções, se eternizar nos campos, mesmo que sejam de peladas.

A administração do futebol deve ser empresarial. Nada acontece se tivermos jogos 3 ou 4 vezes por semana, no máximo 2 vezes. É o que ocorre com a política. Temos mais de 30 partidos, mas uma micro representação que mata a cidadania e não representa a soberania popular.

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Uma reviravolta somente será possível se tivermos os olhos com observação na próxima copa se quisermos nos classificar. A ducha gelada que calou o Mineirão e o mundo continua, depois de um ano, viva e atormenta a mente, notadamente dos brasileiros. E nem se diga que foi um momento de fragilidade, pois que os jogadores tinham experiência, jogam em grandes clubes de fora. Pipocar nem pensar... Seria mais infantilidade e imaturidade do que propriamente profissionalismo.

Muitos viram a oportunidade de ganhar mais dinheiro. Outro já falava, antes de começar a copa, só nos falta levantar o caneco... Um seriado killler de besteirol desaguando no resultado final: tomamos dez gols, num intervalo de poucos dias. Qual seleção mundial pode representar em casa seu País tomando dez gols em menos de 72 horas?

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O momento de recomeçar é agora. As falhas do passado, os clamores do presente sempre ditam pequena esperança para o futuro se tirarmos do futebol as mãos sujas das negociatas, do mercantilismo e da corrupção, seja a que preço for, para a defesa do símbolo nacional o futebol, exceto se viermos a nos tornar a pátria dos deschuteirados...

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