Pastor Ciro, e a política invisível



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O que Ciro Gomes, a Bíblia e a Constituição têm em comum? Se você respondeu uma diversidade de interpretações, acertou! Aliás, ultimamente o político tem mostrado as suas facetas mais ocultas. Certamente, sob mentoria de João Santana, seu novo marqueteiro, mas não sem contar com uma dose de rancor guardado no peito. Essa, sem dúvida, é que tem permitido a Ciro interpretar o pior papel de sua história política. O Bolsonaro do bem.

Não bastasse os constantes ataques a Lula e ao PT, politicamente carregados de ódio e agressões gratuitos, Ciro agora apela para uma espécie de fundamentalismo religioso cult, acreditando que isso vai dar em milhões de votos a seu favor. Não vai não! De olho nos votos dos cristãos bolsonaristas decepcionados com o messias que o neopentecostalísmo os enviou, ele segurou a Bíblia em uma das mãos e a Constituição na outra, para dizer que, apesar de o estado ser laico, ambos os livros não são conflitantes porque o Brasil foi construído sob valores do cristianismo.

Ciro Gomes tem razão. A Bíblia e a Constituição não são livros conflitantes. Uma prova disso é que, tanto pastores picaretas, como políticos genocidas, manipulam suas ovelhas e seus gados oportunizando as brechas interpretativas existentes em ambos. O problema é que Ciro resolveu adotar a pauta de costumes e de valores cristãos depois do Rubinho Barrichello. Além disso, ignora que boa parte de seu eleitorado sempre foi composto por uma classe média terrivelmente laica e que sempre criticou o oportunismo e a manipulação religiosa na vida política.

Publicar um vídeo falando em ideais centrais do cristianismo que inspiram a vida de todos que lutam por um Brasil melhor, e intitular a peça publicitária como “Religião e Política”, prova que Ciro se perdeu no vasto conhecimento que, inegavelmente, ele possui. É assumir que foi prolixo durante anos, apesar de seu conteúdo ser acima da média, e se juntar à turma que nivela a política por baixo usando o nome de Deus para ganhar votos.

Ciro também apela para “valores espirituais” e fala de uma “boa política” capaz de impedir que sonhos se desfaçam, oferecendo ao mundo condições materiais e espirituais para que eles floresçam e frutifiquem. Os portugueses, dos quais possivelmente Ciro herdou o Gomes do seu sobrenome, aqui chegaram oferecendo aos indígenas uma proposta de realização de sonhos bem parecida e mais um espelho de brinde. Deu no que já sabemos bem.

Os valores espirituais e cristãos do colonizador eram bem seletivos e relativizados de acordo com a sua vontade e interesse. Tanto, que era permitido escravizar e sacrificar seres humanos em prol do progresso econômico. Apesar de também estabelecerem uma harmonia entre religião e política, Bíblia e o que constituíram como lei na época, a tal fábrica de sonhos não deu frutos para todos. O que colhemos hoje estruturalmente, é consequência do cristianismo sequestrado para vantagens pessoais de um determinado grupo.

Religião + política sempre foi igual a merda. E não será Ciro Gomes que fará essa equação ter um cheiro mais agradável ou números igualmente positivos para todos os brasileiros. Só faltou promoter transformar água em vinho, chão em céu, pau em pedra e cuspe em mel. Nada para ele parece impossível. Nem mesmo fazer política invisível, para cego ver. Acho que o marqueteiro dele continua trabalhando para o PT e só ele não está percebendo isso.

Que vaciro!

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