Passava da hora de já ir embora

A decisão do TSE serve de aviso a todos aqueles que, conscientemente, usaram e abusaram da disseminação de notícias falsas sobre as urnas e o processo eleitoral

Jair Bolsonaro (círculo)
Jair Bolsonaro (círculo) (Foto: ABR | REUTERS/Suamy Beydoun)


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A sociedade brasileira viu o monstro do fascismo emergir da lagoa, quando foi levado a cabo o golpe que depôs a presidenta Dilma Rousseff. Daí em diante, tudo o que havia de mais podre nos esgotos da política nacional ganhou status de poder. Gestada nas hordas da mediocridade, na estupidez e no submundo das falcatruas por pelo menos trinta anos, eis que uma das figuras mais abjetas da política brasileira em todos os tempos é alçada ao cargo máximo do Executivo nacional. E é claro que isso não poderia dar certo, como não deu.

A chegada de tal choldra política ao posto mais alto da República abriu caminhos para que ratos grandes, pequenos e minúsculos se digladiassem à luz do dia, numa luta ferrenha para ver quem abocanharia as maiores partes do gigantesco “queijo” do dinheiro público. Era a fatura sendo cobrada pelos patrocinadores do “quanto pior, melhor”, afinal, os canalhas já haviam perdido completamente a modéstia. E assim foram quatro anos de caos e retrocesso. Enquanto pais e mães de família se humilhavam em filas para comprar ossos, pele de frango e carcaças de peixe para alimentar seus filhos, o que se via eram passeios de jet-ski, motociatas, ostentação e pregações extremistas em praças públicas e templos ditos religiosos.  Tudo isso pago pelo contribuinte, obviamente.

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Enquanto o povo sofria horrores, o clã presidencial se regalava com o bom e o melhor, inclusive, com recorrentes viagens ao exterior e compra de mansões. Nem mesmo a morte de mais de 700 mil pessoas foi levada a sério, ao contrário, o que se ouviu a respeito foram coisas como: “E daí, eu não sou coveiro”. Mas foi o autor dessa famosa frase que, às vésperas de ser considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral, disse: “Quem sabe Deus toque o coração de Alexandre de Moraes”. Bingo! Deus não apenas tocou o coração de Moraes, mas de quatro outros ministros, o que resultou em um placar de 5 a 2 pela condenação e consequente inelegibilidade do néscio por oito anos.   

A decisão do TSE serve de aviso a todos aqueles que, conscientemente, usaram e abusaram da disseminação de notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro, considerado um dos mais rápidos e seguros do mundo. Tais criminosos, muitos abrigados sob o manto da imunidade parlamentar, são hoje problema da Justiça que, certamente os alcançará mais cedo ou mais tarde. Que seja cedo! E é a essa mesma Justiça que também deverão prestar contas os empresários, coronéis, generais, suas esposas, filhos e filhas; que atiçaram seus paus-mandados a atacar a democracia brasileira. E aqui cabe perguntar: a quem interessava o golpe contra o presidente eleito? A quem servem, afinal, as nossas dispendiosas forças armadas? Quem financiou a tentativa de golpe? Sim. Estava mais que na hora do entulho já ir embora, mas nada será como antes se a Justiça brasileira não apresentar respostas para estas perguntas e não responsabilizar criminalmente os envolvidos. O tempo urge, meus caros, e a democracia tem pressa.  

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