Passagem do poder, a História se repete

"Se Bolsonaro tivesse o mínimo de educação teria oferecido a Granja do Torto para o presidente eleito durante esse período de transição", diz Hildegrd Angel

Luzi Inácio Lula da Silva (à esq.), Jair Bolsonaro e o TSE
Luzi Inácio Lula da Silva (à esq.), Jair Bolsonaro e o TSE (Foto: ABr)


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Por Hildegard Angel, para o 247

Nesta madrugada de segunda-feira, Bolsonaro chamou os patriotários para o Palácio da Alvorada, onde lhes foi servido um "lanchinho" preparado por Michelle. 

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É esse o plano? Lotar o palácio com um bando de fanáticos tresloucados para dificultar ao máximo a passagem do poder, e quem sabe deixar um rastro de destruição?

Se Bolsonaro tivesse o mínimo, eu disse o mínimo, de educação e compostura teria oferecido a Granja do Torto para o presidente eleito durante esse período de transição, não obrigando Lula a ir se hospedar com Janja em hotel, onde não há possibilidade de um efetivo esquema de segurança.

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Sim, Bolsonaro gosta de gerar balbúrdia, confusão, criar caso é sua especialidade. Então, não vai partir dele a iniciativa de uma passagem de poder "dentro das quatro linhas" da civilidade.

Isso me evoca a passagem de poder dos militares para o primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Morais. Depois do mandato dos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, os militares no poder, que pretendiam que o mandato de Floriano fosse estendido,  ficaram revoltados, enfurecidos mesmo, por terem que passar o poder para um civil, inclusive o palácio presidencial. E o que fizeram? Furaram os estofados com sabre, rasgaram as cortinas e os tapetes, despedaçaram os bibelôs, furaram as telas a óleo, quebraram o mobiliário. Um vandalismo geral.

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Assim como Lula faz hoje, o presidente eleito Prudente de Moraes precisou se hospedar num hotel na Rua do Catete, antes de se mudar para a residência presidencial, que naquela época ainda não era o Palácio do Catete, era o Palácio do Itamaraty. 

O que me reporta a uma primeira-dama da República do período militar, que, ao deixar o Palácio das Laranjeiras, onde o ditador presidente se instalou, fez uma limpa nos objetos de decoração, inclusive aquele vaso de porcelana monumental do centro do salão da entrada, e levou tudo para um apartamento alugado por ela especialmente para isso. 

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Quando dona Zoé Chagas Freitas, esposa do governador Chagas Freitas, foi dirigir a restauração magnífica que fez no palácio, ao conferir o inventário das peças da residência, deu falta de várias delas. Feita a investigação e localizadas as  preciosidades, elas foram reconduzidas ao local original, o vaso chinês inclusive, e o caso do furto foi devidamente abafado. Quem me contou? A própria dona Zoé!

A bem da verdade, tenho que relatar que dona Hilda Faria Lima, esposa do governador antecessor de Chagas Freitas, o almirante Faria Lima, foi uma primeira-dama muito correta, entregando o Laranjeiras bem cuidado, nos trinques. Quando os Faria Lima assumiram o Laranjeiras, ele já havia sido depenado pela ocupação anterior. 

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